Otimismo por parte dos comerciantes. Moderação do lado dos compradores. Faltando pouco mais de uma semana para o Natal, o comércio dos alimentos típicos do período ainda não decolou. Com os estoques abastecidos para atender os clientes, supermercados, atacadistas e delicatessens renovam as esperanças de um Natal melhor do que o de 2016. Os comerciantes mais animados projetam crescimento de 10% nas vendas. Os mais realistas se contentam com algo em torno de 5%.
Para o responsável pelo setor de operações e planejamento da Casa dos Frios, tradicional empório do Recife, as vendas devem, de qualquer forma, serem melhores do que nos últimos dois anos. “Este mês já observamos um crescimento de 3% no movimento em relação a 2016. Devemos fechar o ano com um aumento de 5%, o que já é muito bom”, diz Luiz Pestana. O carro-chefe da casa, neste período, são as cestas natalinas. Para garantir boas vendas, a Casa dos Frios lançou dois tipos de cestas de baixo custo. Com nove itens, entre eles, chocolates, salgadinhos de queijo, espumante nacional ou vinho português, a cesta que custa R$ 79 teve ótima procura. “Na verdade, já zeramos o estoque dessa cesta mais básica, agora só no ano que vem”, diz Pestana, lembrando que ainda dispõe de outros 24 tipos de cestas natalinas, com valores que podem chegar aos R$ 4.479 e 68 itens.
Luiz Pestana garante que não houve grande alteração no preço das cestas. “Algumas que utilizam mais produtos importados ficaram um pouco mais caras, em outras, conseguimos reduzir os preços com a mudança dos itens”, diz o administrador. Ele afirma que a loja chegou a diminuir a margem de lucro dos produtos natalinos para não encarecer os preços.
No RM Express, as compras de itens natalinos só começaram a crescer depois do dia 15 de novembro, diz o gerente de operações, Eliezer Domingues. “A expectativa é de que fechemos o ano com 2% a 3% de aumento nas vendas.” Domingues conta que negociou com a maioria dos seus fornecedores para manter os preços bem próximos aos praticados no Natal do ano passado. O peru pode ser encontrado a partir de R$ 16 o quilo, e a ave tipo chester sai por R$ 15. O pernil suíno desossado está por R$ 30 o quilo e o pernil tradicional, mais popular, fica por R$ 14 o quilo. O tradicional queijo do reino custa a partir de R$ 50 o quilo. Mas tem até de R$ 184 o quilo.
O médico Pedro Souza gastou cerca de R$ 500 em espumantes nacionais e queijos do reino, tudo para presentear. Ele diz que não notou diferença nos preços dos produtos em relação ao ano passado, mas, por precaução, decidiu reduzir a lista dos amigos e parentes presenteáveis. “Estou gastando praticamente o mesmo que no ano passado, mas comprei um pouco menos”, comenta.
O gerente Eliezer Domingues revela que, nas lojas, a procura maior tem sido mesmo pelas cestas de natal. A mais barata, com 18 itens, está custando a partir de R$ 70. A mais cara, com 42 itens incluindo whisky escocês e champanhe, chega a R$ 2.400. “No ano passado, essa mesma cesta custava R$ 3.200. Mantivemos a mesma quantidade de componentes da cesta, mas conseguimos reduzir o preço substituindo alguns produtos importados por marcas nacionais de qualidade”, revela o gerente. Ele diz que as vendas de cestas natalinas no RM Express devem crescer acima dos 10% este ano.
No Deskontão, loja do tipo atacarejo que funciona dentro do Ceasa, no Recife, o gerente adjunto, Moisés Melo, faz questão de mostrar que houve pouca mudança nos preços dos produtos natalinos, em relação ao ano passado. Ele cita as marcas de panetone mais baratas, que hoje custam cerca de R$ 7 e em 2016 saíam por R$ 6. O espumante tipo Cidra custava R$ 8 e agora sai a partir de R$ 9. Melo aponta até produtos que baixaram de preço, como é o caso do azeite, com preço médio de R$ 17, e até o bacalhau do Porto, vendido a RS 39 o quilo. “Esse bacalhau chegou a R$ 45 no ano passado”, apressou-se em esclarecer.
Já as aves que não podem faltar na ceia de Natal estavam por R$ 15 o quilo, no caso do peru temperado, e R$ 13 o fiesta. O gerente diz que, assim como o cliente, o comerciante também deve pesquisar entre os fornecedores aqueles que podem oferecer as melhores condições de preço. “Não podemos repassar toda a alta dos nossos custos de operação para o cliente, assim também deve ser o fornecedor.” Ele diz ainda que a procura pelos itens da ceia de Natal aumenta a partir da próxima semana, com a proximidade da festa. É quando a aposentada Selma Maria vai comprar o bacalhau, o peru e o queijo que, segundo ela, não podem faltar na mesa. “Tirei esta semana apenas para pesquisar preços. Vou em três ou quatro supermercados para comparar.” Selma diz ainda que não vê problema nenhum em comprar itens separados, em vez de fazer toda a feira no mesmo lugar. “Só levo o mais barato, não me importo de comprar uma coisa aqui e outra ali”, ensina.