A expansão rápida das grandes redes de farmácias chama a atenção dos pernambucanos. A sensação é de que novas lojas surgem todos os dias. Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Pernambuco (Sincofarma-PE), há três mil farmácias no Estado e 15 mil funcionários, com crescimento de 18% no número de novos estabelecimentos em 2017 comparado com 2016. A expectativa para este ano é de que o Estado continue no mapa de expansão das principais empresas do setor farmacêutico.
Para ter uma ideia do quanto a disputa é acirrada, alguns pontos da rede Big Ben no Estado já estão sendo negociados, segundo informações de mercado. A empresa encerrou as atividades em 64 lojas do Estado em fevereiro deste ano, mas é um ponto fora da curva. Até agosto de 2017, as farmácias faturaram R$ 99 bilhões no País, sendo 42,3% pertencente a 26 redes da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma).
Por isso, grandes empresas demonstram intenção de abrir novos estabelecimentos no Estado, mas não revelam os dados exatos por estrátegia. A Extrafarma, por exemplo, iniciou as atividades em Pernambuco em 2015. Só nos últimos dois anos, abriu 25 lojas no Estado e hoje conta com 33 operações e 400 empregados. Até o 3º trimestre de 2017, enquanto o mercado local crescia 14,3%, a empresa cresceu 212%, de acordo com dados da consultoria IMS Health. A Extrafarma afirma que o objetivo é manter o ritmo de expansão acelerada em 2018, tanto no Brasil quanto em Pernambuco, onde tem market share de 2,8%.
Já a Pague Menos espera abrir 200 lojas no País este ano. Pernambuco, onde tem 180 lojas e 15 mil funcionários, está incluído no plano de expansão. “Acho que as grandes redes estão expandindo em todos os mercados hoje em dia. Pernambuco é o segundo Estado mais relevante para a Pague Menos, depois do Ceará. A Pague Menos cresceu em média 8% no Estado no ano passado. Por ser uma praça importante no Nordeste, Pernambuco também é referência de outras redes”, comenta o diretor de Relações com Investidores (RI) da farmácia, Luiz Novais.
Outra gigante do setor presente em Pernambuco é a Raia Drogasil, que conta com 38 lojas e possui um Centro de Distribuição em Jaboatão dos Guararapes que atende todos os estabelecimentos da empresa no Nordeste, onde tinha market share de 5,2% até o terceiro trimestre de 2017. “O plano de expansão da empresa para 2018, em todo o País, prevê a abertura de 240 novas lojas, incluindo Pernambuco. Entendemos que os consumidores veem a farmácia como um estabelecimento que vende bem-estar”, explica o diretor de Planejamento Corporativo e RI, Eugênio de Zagottis.
Hoje, as grandes empresas representam 20% do total das farmácias em Pernambuco. Para o presidente do Sincofarma-PE, Ozeas Gomes, a disputa das grandes redes no Estado se acirrou há três anos. A primeira disputa entre grandes redes aconteceu entre a Farmácia dos Pobres e a Pague Menos. Depois, a Big Ben entrou no mercado e adquiriu lojas da Farmácia dos Pobres, a Rede Nordeste de Farmácias (RFN) e a Guararapes Brasil. “As microempresas estão com dificuldades porque não se preparam para o futuro que é hoje com as grandes empresas. A concorrência, por outro lado, incentiva as pequenas a melhorar, aprimorar a gestão”, explica.
Foi isso que aconteceu com Márcia Bezerra, proprietária da farmácia Real do Trabalhador, em San Martin, na Zona Oeste do Recife. “Passei a oferecer o atendimento farmacêutico em dezembro de 2017, para ter um diferencial. Essa preocupação surgiu por causa da crise e porque as grandes redes estão vindo com tudo”, explica.
Outra preocupação dos pequenos em relação às grandes redes é a dificuldade em oferecer descontos aos clientes. “As grandes redes conseguem se associar a todos os programas de benefícios dos laboratórios. Em um laboratório, estou na fila de espera para me associar ao programa há quatro anos”, diz Andréa Teixeira, dona da farmácia Disk Remédios, no Totó, também na Zona Oeste do Recife.
A única certeza dos empresários é que o mercado tem possibilidade de crescer ainda mais frente ao envelhecimento acelerado da população brasileira. “Enquanto o governo não assumir o papel dele (na promoção da saúde), o setor privado vai trazer o que a população precisa”, diz Ozeas.
A distribuição de medicamentos é uma parte da operação visado pelo Estado. De acordo com o presidente da AD Diper, Leonardo Cerquinho, a agência está tentando viabilizar uma nova operação logística de importação de medicamentos a partir de Pernambuco. “Depois que a Aché anunciou a implantação de uma fábrica em Suape, as principais empresas do setor procuraram a gente para conversar. Hoje, os medicamentos importados chegam em São Paulo e depois seguem para Pernambuco. A gente está querendo trazer uma operação logística nova para que as empresas façam essa distribuição a partir de Pernambuco, especialmente de medicamentos de alto valor agregado”, revela.