Refinaria Abreu e Lima registrou perda de R$ 1,5 bilhão em 2017

Paralisação do segundo trem da refinaria contribuiu para resultado negativo da Petrobras
Da editoria de economia
Publicado em 16/03/2018 às 7:00
Paralisação do segundo trem da refinaria contribuiu para resultado negativo da Petrobras Foto: Foto: Guga Matos/JC Imagem


A paralisação das obras do segundo trem da Refinaria Abreu e Lima (Rnest), em Suape, contribuiu para o resultado negativo do balanço da Petrobras em 2017. A unidade de refino registrou perda de R$ 1,5 bilhão, em função da desvalorização do seu ativo. De acordo com a estatal, a segunda etapa da unidade de refino tem 80% de execução, mas a retomada da obra vai demandar novas licitações e uma recuperação da depreciação.

O primeiro trem da Rnest entrou em operação em novembro de 2014. Antes de estourar a operação Lava Jato, a expectativa inicial era que o segundo trem começasse a operar em maio de 2015. Com os problemas no fluxo de caixa da Petrobras e as investigações apontando várias irregularidades na obra, a continuação da segunda etapa foi adiada para 2018.
Diante da necessidade de implementar um plano de desinvestimento, a estatal informou que a retomada da obra está condicionada à entrada de um novo sócio do projeto. Empresas chinesas de energia e petróleo já demonstraram interesse no negócio, mas faziam ressalvas em relação à política de preços dos combustíveis (que teve momentos de congelamento no governo Dilma Rousseff) e do custo da corrupção.

DISPARIDADE

Orçada inicialmente em US$ 2,5 bilhões e com custo final estimado em US$ 20 bilhões, a Abreu e Lima é a refinaria mais cara do mundo. Para efeito de comparação, a refinaria indiana de Jamnagar (maior do mundo na atualidade) custou US$ 6 bilhões e tem capacidade para processar 1,2 milhão de barris de petróleo por dia. Enquanto a Rnest custou três vezes mais e hoje só processa 100 mil barris/dia (menos de 10% da maior unidade de refino do mundo).

Com a paralisação do segundo trem, a Rnest funciona atualmente com menos da metade de sua capacidade que é de 230 mil barris por dia. Hoje nem a primeira etapa do empreendimento funciona a 100% da capacidade, porque não concluiu unidades de redução de emissões de gases na atmosfera. A obra foi retomada pela Qualimar e só depois de concluída a Petrobras terá autorização da companhia ambiental de Pernambuco para elevar a capacidade de refino dos atuais 100 mil para 115 mil barris.
Além desses engessamentos, a Petrobras também vem reduzindo o refino na planta local, em função de sua estratégia de negócios. De acordo com a Agência de Planejamento e Pesquisa de Pernambuco (Condepe/Fidem), em 2017 a produção da Rnest caiu 8,1% em relação ao ano anterior.

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