Copergás busca fornecedores de gás natural além da Petrobras

Seis distribuidoras de gás do Nordeste fazem chamada pública coordenada para comprar gás
Adriana Guarda
Publicado em 10/08/2018 às 15:53
Seis distribuidoras de gás do Nordeste fazem chamada pública coordenada para comprar gás Foto: Foto: Divulgação


O reposicionamento dos negócios da Petrobras no Brasil está fazendo com que as companhias estaduais de distribuição de gás busquem outros fornecedores para driblar o histórico monopólio da petrolífera no setor. No ano passado, a Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás) foi a primeira a fazer esse movimento. A estratégia ganhou o País e agora é a vez das distribuidoras do Nordeste (Pernambuco, Alagoas, Bahia, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte e Sergipe) realizarem uma chamada pública coordenada para receber propostas para compra futura de gás natural. O lançamento da chamada pública acontece no próximo dia 14 e a expectativa é atrair players nacionais e internacionais do setor.

O programa de desinvestimento da Petrobras prevê a venda de terminais regaseificação e de gasodutos. No Nordeste, a expectativa da empresa é se desfazer da Transportadora Associada de Gás (TAG), que conta com uma rede de 4,5 mil quilômetros de gasodutos espalhados pela região. Por enquanto, o processo está suspenso na Justiça, assim como a venda de participação nas refinarias (incluindo a Abreu e Lima), mas pode voltar à tona. “Esse processo de reposicionamento da Petrobras vai abrir o mercado de gás natural para outros fornecedores. As distribuidoras não querem ficar dependentes apenas da empresa. Queremos atrair companhias capazes de oferecer boas condições de fornecimento, como preço e garantias de suprimento”, observa o assistente de Diretoria Técnica Comercial da Companhia Pernambucana de Gás (Copergás), Fábio Morgado.

O prazo de vencimento do contrato da Copergás com a Petrobras se encerra em 2021, mas a distribuidora quer garantir fornecimento de outras empresas antes desse encerramento. Hoje, a demanda de gás natural de Pernambuco é de 5 milhões de metros cúbicos por dia. Desse volume, 2,5 milhões de m³ são fornecidos às termelétricas, 1,5 milhão de m³ são consumidos pela Refinaria Abreu e Lima e 1 milhão de m³ são distribuídos entre os setores industrial, comercial, veicular e residencial. A expectativa da chamada pública é contratar um volume de 1,5 milhão m³ para o Estado.

POTENCIAL

Na área de atuação das seis distribuidoras que realizam a chamada pública no Nordeste, o consumo de gás natural é de 12 milhões de m³ por dia. Fora do eixo Rio-São Paulo, a região concentra o maior mercado do setor, sendo um atrativo para chamar a atenção de grandes fornecedoras do mercado de gás natural. São 215 mil clientes, 98 cidades atendidas e 3.616 quilômetros de rede de distribuição. “A experiência da Bahia no ano passado mostrou que há um grande interesse de grandes empresas de dividir um espaço ocupado antes apenas pela Petrobras. No caso de Pernambuco, o contrato com a petrolífera tem mais de duas décadas e a experiência de compra de outro fornecedor será inédita”, destaca Morgado.

Ele explica que apesar ser elaborada de forma coordenada com outras distribuidoras do Nordeste, a chamada pública não vai significar uma compra conjunta de gás natural. Cada companhia lançará o seu próprio edital e realizará a aquisição de forma individual. Como se trata de um processo de contratação complexo, a previsão é que as negociações se estendam até o final do ano.

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