A Refinaria Abreu e Lima foi construída para melhorar o abastecimento nacional de diesel, que registra queda histórica e déficit na produção. Dos 110 mil barris de petróleo processados por dia, 65% são destinados à produção do combustível. Mas o cenário de preços controlados no País está fazendo a Petrobras optar pela exportação do diesel pernambucano e atender o mercado interno com importação.
“A lógica é a do mercado. O diesel é vendido para quem pagar melhor. Por isso, a Rnest aparece como a maior empresa exportadora do Estado e o diesel, no topo do ranking dos produtos embarcados”, destaca o gerente de Desenvolvimento Empresarial da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Maurício Laranjeira. No primeiro semestre deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, as vendas externas de diesel cresceram 190,4%, alcançando US$ 290,2 milhões. O produto desbancou os carros da FCA, que lideravam as exportações.
O diesel pernambucano está sendo comercializado em países como Argentina, Estados Unidos, França, Holanda, Cingapura, Bahamas, Espanha e Marrocos. Por meio de sua assessoria de comunicação, a Petrobras explica que “a companhia avalia continuamente o parque de refino e planeja suas operações de acordo com a melhor rentabilidade de forma global”. Isso justifica o volume de importação de diesel, que aumentou 72% no primeiro semestre, chegando a US$ 536,8 milhões.
Levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) mostra que no primeiro quadrimestre do ano a produção de diesel caiu 8% (12,3 bilhões de litros), cravando o pior desempenho dos últimos 15 anos. No sentido oposto, o consumo do combustível avança no País, sobretudo no Nordeste. Esse é inclusive, um dos argumentos para tornar mais atrativo o processo de venda de 60% da Rnest, anunciado em abril. Por enquanto a venda está suspensa por uma decisão cautelar do ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski.