O contraponto criado pela alta oferta e o momento de dificuldade da população em obter uma renda fixa tem estimulado a locação direta de imóveis. Neste caso, o proprietário se adianta ao papel das imobiliárias e flexibiliza as exigências para garantir o fechamento do negócio. Se antes de 2015 – auge da crise econômica do País – o momento era totalmente propício para os donos de imóveis, atualmente o locador tem conseguido mais voz, e equilibrado a balança na hora da negociação.
Um exemplo de bom proveito dessas condições é o da esteticista Isabela Cristina, 24. Com uma filha de 2 meses, a jovem, que assim como o companheiro Lucas Galvão, 24, não tem renda formal, só conseguiu alugar um imóvel após negociar diretamente com o locatário. “Conseguimos algo mais barato e com condições facilitadas após procurar em pelo menos 10 condomínios diferentes com imobiliárias. O grande impasse foi a comprovação dos rendimentos”, diz Isabela. Ela e o marido têm uma renda familiar de aproximadamente R$ 5 mil – advinda sobretudo de uma loja de reparos de celular. “O proprietário queria alugar logo o imóvel e só exigiu da gente o reconhecimento de firma do contrato”, ressalta a jovem, que conseguiu um apartamento por R$ 900 ao mês em Olinda, uma economia de mais de R$ 400 em relação aos demais imóveis pesquisados.
Segundo o diretor-executivo da CTI Imobiliária, Elder Boia, o número de clientes com renda informal tem subido até mesmo nas imobiliárias. “Com o desaquecimento da economia, houve um aumento desse perfil de clientes em até 30%. Em sua maioria, eles estão dispostos a alugar imóveis de até R$ 1.500. Para atender a essa demanda, estamos fazendo uso de seguro fiança e títulos de capitalização para garantia locatícia, além das opções de fiador e extrato das movimentações bancárias”, confirma Boia.
Em julho, o Recife dispunha de 6.348 mil imóveis usados disponíveis para locação. Segundo o índice FipeZap, nos doze meses até julho, a média do aluguel sofreu variação de 1,02%, com queda real em relação ao IPCA (4,48% no período). No Recife, mesmo com alta de 1,79% em julho, o preço do m² para aluguel está mais barato do que em 2017 em alguns bairros, segundo o Secovi-PE. “Por enquanto, o momento é de equilíbrio para locador e locatário. Os preços seguem uma média até estável, mas com muito mais margem para negociar. Já enxergamos uma redução do estoque e um possível reposicionamento dos preços nos próximos anos”, afirma o vice-presidente do Secovi, Luciano Novaes.