Dona Maria José de Souza, 54 anos, era a alegria em pessoa. Junto com os filhos e a nora, ela comemorava na saída das Lojas Americanas, no Centro do Recife, o resultado das compras durante a Black Friday de ontem (23). “Trouxe a família pra aproveitar. Comprei 16 pacotes de fraldas pro netinho que vem aí, produtos de higiene, lencinho, xampu, tudo o que eu precisava”, disse, satisfeita com os preços. O filho dela, Felipe José de Souza, 32, nem precisava de um celular, mas achou a oferta do aparelho tão tentadora que resolveu levar. “Tinha comprado um igual há dois meses por R$ 900. Hoje estava por R$ 700. Acabei comprando”, admitiu com uma certa vergonha. De fato, o apelo da sexta-feira de descontos levou milhares de pessoas às lojas, no Centro e nos shopping centers. Foi preciso ter paciência para enfrentar longas filas no caixa ou encontrar o produto que queria.
No RioMar, no bairro do Pina, Zona Sul do Recife, as primeiras lojas-âncoras tiveram as portas abertas às 6h. Apesar do horário estendido, grandes filas foram formadas do lado externo do centro comercial, antes mesmo da abertura. Os consumidores estavam com expectativa sobre a queda no preço dos produtos de higiene pessoal, de beleza e dos eletrodomésticos. Apesar da quantidade de pessoas, a abertura do mall foi considerada tranquila, sem confusões ou correrias. Os mais precavidos levaram mais de uma pessoa para se revezar entre as compras e garantir o lugar nas filas.
Uma das primeiras a chegar ao RioMar foi a professora Alba Maria, 53. Ela conta que vinha pesquisando os preços há mais ou menos um ano, em preparação para a data. “Eu cheguei às 4h30. Desde o ano passado eu queria ter comprado uma TV. Guardei o dinheiro pra comprar agora, na Black Friday, depois de pesquisar. Acho que economizei mais de R$ 500 com uma impressora e essa TV”, relata, carregando também sacolas de produtos de higiene e de uso pessoal.
No Shopping Tacaruna, na Zona Norte do Recife, produtos de higiene, beleza e eletrônicos, principalmente televisores, eram o alvo dos consumidores. A auxiliar de serviços gerais Gizele Petersburgo, estava a procura de uma TV “de 40 polegadas para cima”, definiu. Ela encontrou várias ofertas. Faltava apenas uma que coubesse no orçamento. “O preço à vista até que está bom, mas eu quero dividido em 15 vezes”, contou, decidida.
Se é um bom negócio para o consumidor, a Black Friday também anima os comerciantes. Kathyrine Gonçalves, gerente de uma loja de perfumes e cosméticos no Shopping Tacaruna, aplicou descontos de até 60% na linha de produtos. O resultado foi a loja cheia de compradores. Ela calcula que o fluxo de clientes e de vendas cresce cerca de 200% na Black Friday, em relação a um dia comum. “Até o fim do expediente, o faturamento deve ficar entre R$ 70 mil e R$80 mil”, previu.
Ainda no Tacaruna, Adriana Batista, gerente de uma loja de eletroeletrônicos, disse que preparou o estoque com antecedência de meses e reforçou o time de vendedores. “Estamos com o time completo, com 40 atendentes na loja.” A gerente de marketing do Shopping Tacaruna, Yolanda Celeste, acredita que pelo menos 50 mil pessoas devem frequentar o mall na Black Friday deste ano. “Um aumento de 12% em relação à sexta-feira de descontos do ano passado”, afirmou. A maioria dos comerciantes deve permanecer praticando os descontos ao longo do fim de semana.
No Centro do Recife, a movimentação foi mais comedida nas primeiras horas da promoção, com melhora do fluxo durante o período da tarde. As pessoas com sacolas nas mãos nas Ruas Nova, da Palma e da Concórdia, no bairro de Santo Antônio, e na Rua da Imperatriz, no bairro da Boa Vista, revelavam a preferência por fraldas e produtos de higiene. Em uma sapataria da Rua da Palma, no Centro, o grande movimento foi considerado normal pelo gerente, Fábio Augusto. “É um fluxo normal para uma sexta-feira de dezembro. Nosso dia de movimentação intensa ainda é a véspera de Natal, dia 24”, disse Augusto, completando com a afirmação de que a Black Friday ainda “não pegou” nos estabelecimentos do Centro. Mas as lojas de móveis e eletrodomésticos, impulsionadas por promoções e descontos, até ficaram lotadas com a busca por geladeiras, fogões e televisões – os itens mais requisitados.
Para quem for continuar as compras neste sábado e no domingo, a gerente jurídica do Procon-PE, Danyelle Sena, pede atenção para os detalhes da promoção. “Muitas vezes os descontos estão apenas no preço à vista. A prazo, é preciso observar se os juros não são muito elevados”, afirmou. O Procon realizou ontem uma fiscalização em diversas lojas de shoppings e no Centro do Recife, durante a venda da Black Friday. Ao todo, foram dez lojas visitadas, 372 itens verificados e nenhuma irregularidade encontrada. Em 2017, houve registro de uma irregularidade, contra quatro em 2016, quando também três lojas foram multadas.