A Fifa anunciou nesta quarta-feira (28) que registrou sete candidaturas para a eleição à presidência da entidade, que acontecerá em 26 de fevereiro e definirá o sucessor do suíço Joseph Blatter.
Os sete candidatos são o príncipe Ali Bin Al Hussein (Jordânia), Musa Bility (Libéria), Jérôme Champagne (França), Gianni Infantino (Suíça), Michel Platini (França), o xeque Salman Bin Ebrahim Al Khalifa (Bahrein) e Tokyo Sexwale (África do Sul).
A Fifa não validou o pedido do ex-jogador David Nakhid, de Trinidad e Tobago, que na semana passada anunciou que havia apresentado sua candidatura.
O argumento da Fifa para a não validação da candidatura de Nakhid beira o amadorismo. Para concorrer à presidência da entidade, é preciso contar com o apoio de cinco federações filiadas (são 209 no total). Contudo, uma das cinco entidades que deu seu aval ao ex-jogador de Trinidad e Tobago já havia apoiado outro candidato, explicou à AFP um porta-voz da Fifa.
Devido a este imbróglio, Nakhid, que atualmente comanda uma escolinha de futebol no Líbano, não pôde registar a candidatura ao não cumprir o primeiro requisito.
Horas mais tarde, Nakhid ofereceu outra versão dos fatos à AFP: "Este aval duplo vem das Ilhas Virgens. A rejeição de nossa candidatura não é lógica, já que depositamos o dossiê primeiro. É um golpe baixo".
Além disso, a situação de Michel Platini é particular: o presidente da Uefa está suspenso pelo Comitê de Ética da Fifa até 5 de janeiro por ter recebido em 2011 um pagamento polêmico de 1,8 milhão de euros de Joseph Blatter, por um trabalho de conselheiro finalizado em 2002.
O caso será examinado com profundidade - incluindo o teste de integridade - apenas ao final da punição.
Os dossiês dos outros seis candidatos registrados pela Comissão Eleitoral da Fifa foram enviados à câmara de investigação do Comitê de Ética, para os famosos exames de integridade.
Os resultados dos exames serão enviados à Comissão Eleitoral, que decidirá se valida ou não cada candidatura.
Infantino se aproxima na África
Gianni Infantino, secretário-geral da Uefa que surpreendeu a todos ao apresentar a candidatura no último dia possível, visitou nesta quarta-feira a sede da Confederação Africana de Futebol (CAF), no Cairo.
Como afirmou uma fonte na Fifa, "não se ganha uma eleição presidencial sem a África", Confederação que conta com mais votos no congresso eletivo (54), à frente da Europa (53), Ásia (46), Concacaf (35) Oceania (11) e Conmebol (10).
A CAF informou nesta quarta-feira que "recebeu e escutou" a quatro dos sete candidatos à presidência da Fifa; Infantino, o xeque Salman, o príncipe Ali e Sexwale, entre os dias 25 e 28 de outubro, mas reserva o direito de manter as conversas em sigilo.
A África sempre foi território de Blatter, presidente da Fifa desde 1998. O suíço, porém, apresentou a renúncia em 2 de junho, 4 dias depois de ser reeleito para um quinto mandato.
Até o momento, as federações africanas ainda não mostraram preferência por um candidato em particular. Issa Hayatou, presidente da CAF e presidente interino da Fifa durante a suspensão de Blatter, não parece ser muito favorável à campanha de Sexwale, o sul-africano alheio ao mundo do futebol que foi colega de cela de Nelson Mandela e que poderia se tornar um rival à altura no continente.
Blatter volta a atacar
O presidente demissionário de 79 anos voltou nesta quarta-feira ao ataque em entrevista à agência russa Tass. Primeiro, acusou Platini: "Ele queria ser presidente da Fifa, mas não teve a coragem de se candidatar (em 29 de maio) e agora estamos nessa situação! E a maior vítima é o próprio Platini".
Em seguida, afirmou que duas decisões da Fifa nos últimos anos levantaram a Uefa e a Justiça norte-americana contra a sua pessoa, as escolhas de Rússia e Catar como sedes das Copas do Mundo de 2018 e 2022, em detrimento às candidaturas de Inglaterra e Estados Unidos, respectivamente.
"A Copa do Mundo de futebol e o presidente da Fifa são apenas a bola no meio do jogo das grandes potências, isso se tornou algo político", continuou o suíço.
"Se Deus está comigo, espero voltar como presidente da Fifa para, pelo menos, conduzir o congresso eletivo (26 de fevereiro). Este é meu sonho", concluiu Blatter em seu inimitável estilo.
A Fifa enfrenta a pior crise de sua história, com investigações da justiça dos Estados Unidos e da Suíça sobre suspeitas de corrupção em grande escala.