Náutico, Santa Cruz e Sport veem torcedores "sumirem" dos estádios

Públicos do Trio de Ferro na atual temporada são inferiores que em 2015
Diego Toscano e Felipe Holanda
Publicado em 04/09/2016 às 7:50
Públicos do Trio de Ferro na atual temporada são inferiores que em 2015 Foto: Fernando da Hora/JC Imagem


Nem com os tricolores na Série A após 10 anos, os rubro-negros se consolidando na Primeira Divisão e os alvirrubros na busca pelo acesso, os torcedores estão se motivando para comparecer à Ilha do Retiro, Arruda e Arena Pernambuco em 2016. Comparando com o ano passado, os três clubes estão com queda na média de público, que já vem oscilando desde 2013. Por sinal, Sport e Náutico têm, no ano, a sua pior média de 2013 para cá, de acordo com levantamento feito pelo JC. Os estádios pernambucanos estão ficando cada mais vazios: leoninos, corais e alvirrubros estão “sumindo” das praças esportivas.

Entre os três rivais, a maior queda bruta das últimas quatro temporadas foi a do Santa Cruz. Se em 2013, quando os tricolores conquistaram o tricampeonato estadual e subiram para a Série B, a média de público foi de 24.299, neste ano, foram quase 11 mil a menos por jogo até agora: 13.431.

Já o Náutico é o único do Trio de Ferro que vem em uma linha decrescente de público de 2013 para cá. Há três temporadas, quando o Timbu se mudou para a Arena de Pernambuco, o time passou de 10 mil torcedores por jogo na nova casa (10.484). Hoje, fazendo campanha para voltar a jogar nos Aflitos, o time tem média de público de apenas 4.747 na Arena.

Por fim, o Sport foi o que mais oscilou entre 2013 e 2016. Não tem uma campanha decrescente de público, como o Náutico, nem perdeu tantos torcedores de três anos para cá, como o Santa Cruz. Mas sofre com a irregularidade. A sua melhor marca no período pesquisado pelo JC foi em 2014, quando estava de volta à Primeira Divisão e levou o 40º título Estadual, com 17.404 por jogo. Já o pior é nesta temporada, com 12.893 de média até agora.

As explicações para a queda de público nos estádios pernambucanos são muitas. Começam com aspectos técnicos, com a má fase das equipes pernambucanas nas Séries A e B do Brasileiro. Passam também pela logística, com partidas, durante a semana, terminando na madrugada. Isso gera problemas com a mobilidade, principalmente na Arena Pernambuco (ver ao lado), que não tem, em muitos jogos, o metrô funcionando na volta.

“A localização e a logística da Arena atrapalham muito. Além disso, enquanto as organizadas brigam e não são punidas, a Polícia é despreparada para atender o verdadeiro torcedor”, reclamou o alvirrubro Thiago Fernandes, nas redes sociais do JC.

Somado a isso, a questão financeira, com o fim do Todos Com a Nota, programa do Governo do Estado que trocava notas fiscais por ingressos para jogos, encerrado no início de 2015, e a consequente alta nos preços dos ingressos dificultou a vida do torcedor. Principalmente nesse momento de crise que o Brasil atravessa. “O fim do TCN, que dava direito aos torcedores de irem aos jogos de graça, atrapalhou muito. Muita gente não pode pagar ingresso. Eu ia para mais 30 jogos no ano. Agora, não dá mais”, afirmou o rubro-negro Gabriel Henrique.

Por fim, a violência, segundo os próprios torcedores, pesa mais no “sumiço” das torcidas nos campos. Em enquete feita no Facebook do Jornal do Commercio, 54% dos internautas afirmaram que as brigas de torcidas organizadas e confrontos dentro e fora dos estádios, além do clima de insegurança para ir e vir em partidas noturnas, é o que mais pesa. “A violência banal e desregrada impera nos estádios. O espetáculo do futebol perdeu espaço para o medo de tudo e de todos”, explicou o tricolor Ido Feitosa.

TAGS
público Torcida Náutico Sport santa cruz
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory