Gustavo Vargas, diretor da empresa aérea LaMia, que transportava a delegação da Chapecoense de Santa Cruz de La Sierra para Medellín, admitiu nesta quarta-feira que o plano inicial era que o avião parasse para fazer um reabastecimento. A falta de combustível é uma das principais hipóteses investigadas para explicar o acidente.
"Ele (o piloto) tomou a decisão de não parar porque pensou que o combustível daria. Trata-se de um piloto de muita experiência, que fez seu treinamento na Suíça", disse Vargas, em entrevista ao jornal Página Sete, de La Paz (Bolívia).
Segundo o executivo, o planejamento inicial estabelecia uma parada para reabastecer em Cobija (Bolívia), na fronteira com o Brasil. Essa opção, porém foi descartada por falta de tempo, uma vez que o voo que levava a Chapecoense de São Paulo para Santa Cruz de La Sierra atrasou. "Infelizmente não conseguimos repor o combustível em Cobija. Estávamos atrasados e Cobija não trabalha à noite", disse ele.
Vargas salientou que o piloto da aeronave tinha um plano B aprovado caso o planejamento inicial falhasse. "Nós temos alternativas. Uma destas era Bogotá (Colômbia), e se o piloto viu que tinha uma deficiência de combustível, ele tinha todo o poder para entrar e fazer o reabastecimento", disse o executivo
A aeronave RJ85 tem capacidade padrão menor do que o trajeto previsto para ser percorrido pelo modelo que caiu nesta terça-feira. Informações da consultoria em aviação alemã Jacdec, com base na ficha técnica da fabricante, apontam que a distância máxima padrão do RJ85 que pode ser percorrida pelo modelo é de 1.600 milhas marítimas (equivalente a 2.965 quilômetros).
Já a distância direta entre o Aeroporto Internacional Viru-Viru, de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, e o Aeroporto Olaya Herrera, em Medellín, na Colômbia, é de 1.605 milhas marítimas, ou 2.975 quilômetros (em linha reta).