Brasil e Argentina em caminhos e ritmos opostos

Dois rivais históricos em ritmos distintos. Enquanto o Brasil, cada vez mais brasileiro, alegre e solto, vem jogando por música na cadência envolvente de um samba, a Argentina segue amargando insucessos no compasso melancólico de um tango marcado por notas tristes. Um tira pra dançar, o outro se deixa ser conduzido. Um verdadeiro baile na América do Sul, cuja coreografia mudou completamente nos últimos anos.

O ritmo atrevido brasileiro foi Tite quem ajudou a devolver à seleção, que não só acertou, como já deu o passo para a Rússia, palco das apresentações em 2018. O espetáculo começou quando o técnico assumiu uma equipe até então travada e fria e lhe conferiu a ousadia e brilho originais. Show em oito atos e oito vitórias nas Eliminatórias para a Copa do Mundo. Aplausos não só no continente como no mundo todo que atualmente se questiona: como foi possível?

O Brasil passou de sexto lugar e ameaçado de não ir pela primeira vez a um Mundial a líder e primeiro classificado para o torneio faltando mais de um ano para o seu início. Faltam quatro rodadas para o fim das Eliminatórias e Tite já tem mais vitórias que todas as outras seleções em toda a competição (a segunda colocada, Colômbia, tem sete vitórias). Só os 24 pontos conquistados pelo treinador já seriam suficientes para garantir a ponta na tabela. Foram 24 gols e apenas dois sofridos. Time tem melhor ataque, melhor defesa. E melhor: perspectiva de evoluir ainda mais.

“Quero consolidar a equipe. À medida que repete o desempenho e não oscila, cria consistência, a equipe fica forte, pesada. Ela não está pronta”, disse o sempre exigente Tite.

Enquanto isso, os hermanos seguem deslizando em círculos com “o pensamento triste que se pode dançar”, uma das definições do tango. O difícil mesmo é definir uma explicação para a abrupta queda da Argentina, carente de títulos há 24 anos. Recentemente perdeu a Copa do Mundo para a Alemanha e duas Copas América para o Chile. Internamente vê uma AFA sem comando, seus clubes com cada vez menos recursos e até greve geral de jogadores.

Atualmente a alviceleste está em quinto lugar, na repescagem das Eliminatórias e para piorar o principal maestro, Lionel Messi, está suspenso devido a um ato de indisciplina na vitória sobre o Chile e só deve atuar na última rodada, ante o Equador.