Violência

População vira refém da violência no futebol

Moradores dos bairros onde estão localizados os estádios de futebol do Recife, sofrem com a violência em dia de jogos

Fernando Castro
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Fernando Castro
Publicado em 17/01/2019 às 9:03
Bobby Fabisaki
FOTO: Bobby Fabisaki
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As cenas de selvageria ocorridas antes e depois da partida entre Náutico e Fortaleza, pela Copa do Nordeste, deixaram mais uma vez os moradores do bairro dos Aflitos e comerciantes da área reféns da violência. A população voltou a conviver com o medo depois de cinco anos do estádio fechado. Essa sensação, no entanto, se estende aos bairros do Arruda e da Ilha do Retiro.

"O medo de ter alguma confusão na rua é constante. Eu sou torcedor do Náutico e entendo completamente o pessoal ter ficado feliz por ter voltado para cá, mas realmente é muito complicado para os moradores daqui a volta dos jogos”, comentou o jovem morador dos Aflitos, Pedro Didier, de 17 anos.

O estudante revela que em dias de jogos a rotina do bairro muda completamente. “Em dia de jogo o bairro funciona totalmente diferente e para quem mora aqui, muda bastante a logística de como você vai se comportar. Ter que se reacostumar com essa rotina é um tanto complicado realmente”, afirmou.

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A família Carvalho mora na Avenida Beira Rio, bem próximo ao estádio da Ilha do Retiro - Bobby Fabisaki
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Pedro Didier revela que a rotina do Bairro dos Aflitos muda em dia de jogos - Bobby Fabisaki
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Lídio Silva mora no bairro de Água Fria, perto do estádio do Arruda, e tem receio da violência - Bobby Fabisaki
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Por medo da violência, Ismael Silva não vende seus produtos em dia de jogos - Bobby Fabisaki

E a situação de caos não afeta apenas os moradores do bairro, os comerciantes também sofrem com a violência. Como é o caso do vendedor ambulante Ismael Silva, de 69 anos, que costuma vender todos os dias na Rua da Angustura, milho, pamonha e canjica. Em dias de jogos, no entanto, isso não ocorre. “Dia de jogo eu não vendo, tem a questão de confusão, que sempre acontece, fica complicado para vender, o problema é esse”, revelou Ismael.

Lídio Silva, de 35 anos, mora no bairro de Água Fria, próximo ao estádio do Arruda, e conta que a insegurança se faz presente em dias de futebol. “Lá próximo de casa, por exemplo, tem um cara da torcida organizada Inferno Coral e sempre vai um público para lá. E quando aquela turma se junta é bronca, normalmente se junta com o pessoal de outros bairros e saem em uma multidão pela rua. A sensação é terrível, causa um medo grande”, comenta.

TENSÃO

A família Carvalho, que mora na Avenida Beira Rio, próximo ao estádio da Ilha do Retiro, também sofre com as cenas de violência. André, de 52 anos, é pai de Rodrigo, 16, e revela que em dias de clássico a situação é ainda pior.

“Quase todo jogo do Sport aqui tem confusão, é muito difícil não haver, e quando é clássico então, é uma guerra, quebra de ônibus, balas de borracha. E o pessoal não tem medo da polícia e enfrenta. Futebol hoje em dia não é para ir com a família, tem que ter muito cuidado”, diz André.

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