Poderia ser um início diferente de Campeonato Brasileiro para Náutico e Santa Cruz. Ter o desejado e sonhado retorno à Série B tão pertinho. Mas isso fica para o devaneio. Os times pernambucanos acordados precisam novamente encarar a torturante disputa da Série C Nacional pelo segundo ano consecutivo. Os dois vacilaram já no mata-mata de 2018 e por isso se encontram mais uma vez no tormento da Terceira Divisão.
Integrando o Grupo A da competição, o tricolor e o alvirrubro veem sua centenária tradição atravessar o calvário de uma competição de tiro curto. A Série C desta temporada será ligeiramente mais longa que a do ano passado. Isto é, a final será no início do mês de outubro, ao invés do fim de setembro. São dois meses antes do fim da Série A do Brasileiro, por exemplo.
Sobre a visibilidade dos pernambucanos e da competição, o desenho está encaminhado. Mesmo sem as milionárias cotas das duas primeiras divisões do futebol nacional, o Dazn, serviço de streaming, comprou os direitos para todas as plataformas (TV aberta, por assinatura e via internet) e está perto de oficializar uma parceria com uma rede de televisão do Nordeste com o intuito de massificar a transmissão da Terceirona. Esse acerto pode ajudar na captação de novos patrocinadores por parte do torneio e valorizar as marcas dos clubes. Numa tentativa de não deixar o terceiro escalão esquecido no cenário nacional.
RÁDIO JORNAL: O GUIA DA SÉRIE C
Mas, se nem tudo são flores, nem tudo também é mazela. O desgaste logístico nesta temporada se torna menor. Com dez times da região Nordeste disputando a Terceira Divisão, os três clubes do Norte foram empurrados para o Grupo B. O mais longe que os pernambucanos vão viajar é para Imperatriz, no Maranhão, a 1,7 mil quilômetros do Recife. Cidade inclusive já visitada pelo Náutico na temporada, pela Copa do Brasil 2019.
Com adversários tão próximos e sem as tradições de Remo e Paysandu, Timbu e Cobra Coral assumem a responsabilidade de mais fortes do grupo. O potiguar ABC e o Botafogo-PB são os que mais se aproximam dos pernambucanos.
Assim, o Náutico precisa começar diferente da temporada passada, quando demorou a engatar, conseguindo emendar vitórias e se classificar em 1º lugar do grupo apenas após a chegada do técnico Márcio Goiano. O Timbu tem que aproveitar a boa impressão causada pelo time que ficou 18 jogos sem perder.
O Santa Cruz manteve mais regularidade em 2018, mas também caiu nas quartas como o rival – foi eliminado pelo Operário-PR, enquanto o Timbu caiu para o Bragantino. Para este ano, o ideal é mostrar o que o faz ter boas campanhas em mata-mata.
Na fase de grupos, Santa Cruz e Náutico vão encarar os potiguares ABC e Globo, os paraibanos Botafogo-PB e Treze, os maranhenses Sampaio Corrêa e Imperatriz, além do cearense Ferroviário e o sergipano Confiança. O Grupo B tem: Remo, Paysandu, Atlético-AC, Boa Esporte, Tombense, Luverdense, Juventude, Volta Redonda, Ypiranga-RS e São José-RS.
Vale a pena lembrar que o regulamento é o mesmo do ano passado. Os pernambucanos só cruzam com qualquer um dos times da outra chave em uma eventual chegada às quartas de final. Quem vencer o primeiro mata-mata já vai estar classificado para a Série B do Brasileiro em 2020.
Sonho que Náutico e Santa desejam tornar realidade, apesar de encararem uma competição pouco rentável e cheia de armadilhas.