Como grande paixão nacional que é, o futebol até poderia ter ganhado a preferência de mais três pequenos pernambucanos se não fosse por um importante detalhe. Daniel Henrique, João Gunttemberg e Bruno Ferreira, de 7, 9 e 13 anos, respectivamente, já nasceram com a adrenalina correndo a toda velocidade em suas veias. Filhos de praticantes de esportes radicais, foi apenas questão de tempo para que o DNA aventureiro do trio começasse a falar mais alto e eles passassem a reproduzir nas pistas, ladeiras e trilhas as peripécias esportivas dos pais.
Filho do piloto de kart profissional Josimar Henrique, Daniel Henrique deu as primeiras aceleradas em janeiro de 2013, logo depois de fazer seis anos, idade mínima para uma criança ingressar no esporte. Ao assumir o volante de seu carrinho na pista do Kartódromo do Tamboril, em Paulista, o garoto chega a atingir 82 km/h nas retas, com a particularidade de estar a pouquíssimos centímetros do asfalto. “No início, a mãe de Daniel não gostou muito, só ficou mais tranquila quando viu que o Tamboril é um kartódromo que cumpre todas as exigências de segurança”, contou Josimar.
Desde que estreou oficialmente na modalidade, há dois meses, Daniel deixou de ver o kartismo como mais uma brincadeira e passou a encarar o esporte com seriedade de gente grande. Tanto que, nas duas últimas etapas do Estadual, ele garantiu lugares no pódio da categoria mirim ao conquistar a segunda e terceira colocações, respectivamente. “É muito legal ser um piloto como o meu pai. Gosto muito do kart”, afirmou.
Assim como Daniel, João Gunttemberg também adora estar em alta velocidade, mas em cima de um skate e, de preferência, descendo uma das enormes ladeiras situadas nos picos de downhill do Estado. O menino foi apresentado ao esporte há dois anos pelo pai, Gustavo Coimbra. Assim que conseguiu dominar o foot break (movimento de frear), ele passou a praticar a modalidade sozinho. “Quando estou fazendo downhill, não sinto medo, só a adrenalina no meu sangue”, garantiu João.
Mesmo sendo um adepto recente do esporte, João já começou a colecionar alguns troféus. Em 2013, ele foi vice-campeão pernambucano e regional da categoria infantil (até 10 anos). Nesta temporada, o garotinho persegue seu primeiro título no esporte. E tem grandes chances de conseguir por ser um dos favoritos a subir ao lugar mais alto do pódio dos Campeonatos Pernambucano, Norte/Nordeste e Brasileiro da modalidade.
Apesar de ser o mais velho do trio de “ferinhas radicais”, Bruno Ferreira é o único que ainda não estreou em uma competição oficial pilotando sua moto. Mas não é por falta de vontade. Como sonha em ser um competidor de enduro de velocidade, o menino ainda precisa atingir uma maturidade física maior para suportar os percursos extenuantes da prova. Enquanto espera esse dia chegar, o garoto vai se aperfeiçoando nas trilhas das matas de Aldeia, em Camaragibe, sempre na companhia do pai, Rinaldo Ferreira.
Bruno aprendeu a pilotar aos 5 anos, quando ganhou uma mini moto de 50 cilindradas. Aos 13, se mostra muito confortável guiando uma de 125. Com a motocicleta atual, ele já superou subidas, descidas, poças de lama, barro e muitos buracos. Nada que chegue a incomodar. Pelo contrário. Para quem já nasceu com espírito aventureiro, quanto mais, melhor.