Em um passado recente, o central do Vôlei Futuro Michael foi obrigado a escutar ofensas homofóbicas, vindas das arquibancadas, durante um jogo entre a sua equipe e o Sada/Cruzeiro, pela Superliga Masculina de Vôlei 2010/2011. Ele tinha acabado de se assumir homossexual. Depois desse episódio, outros atletas brasileiros também se revelaram gays. Mas não tiveram de enfrentar reações semelhantes. Em boa parte dos relatos, há surpresa pela maneira positiva como o fato foi encarado. Cenário que evidencia a força do esporte para atenuar preconceitos no Dia Internacional contra a Homofobia, lembrado nesta quarta-feira (17).
Dois fatos em especial, porém, chamam atenção nos relatos desses desportistas. Muitos são atletas de renome e fizeram uso das redes sociais para tornar pública a homossexualidade.“O meio esportivo é repleto de jovens, que naturalmente têm uma mentalidade mais aberta. Dessa forma, a aceitação se faz mais possível. Acredito que a mídia traz mais leveza para que possamos olhar a homossexualidade com respeito e com uma visão mais humanizada. Isso aumenta a autoestima dos homossexuais e fazem eles se fortalecerem. Quanto mais segurança e confiança o atleta tiver para falar sobre o assunto, as pessoas vão respeitar mais”, esclareceu Elaine Cristina, psicóloga clínica.
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Um dos casos mais recentes é o das jogadoras de vôlei Carol Gataz, ex-seleção brasileira e atualmente no Minas Tênis, e Ariele Ferreira, do Barueri. Elas resolveram assumir o relacionamento no fim de 2015. Apesar de já aparecerem juntas em muitas postagens que faziam nas redes sociais, apenas há pouco menos de dois anos passaram a trocar declarações de amor na web. “Preconceito nunca temi, sabemos que pode haver preconceito, ainda bem que, até hoje, todas as formas que as pessoas se relacionaram conosco foram as melhores”, declarou Carol Gataz em entrevista ao UOl.
Heptacampeã do Circuito Mundial de vôlei de praia, Larissa França é casada com a também jogadora Lili desde 2013. Elas igualmente usaram as redes sociais para tornar a união pública. A dupla enfrentou um pouco de rejeição no começo, mas viu as críticas minguarem com o passar do tempo. “Acima de tudo, precisamos dar exemplo de verdade, amor e respeito. Não estou falando de banalizar ou vulgarizar, mas as pessoas que se amam de verdade têm de se libertar e falar para o mundo mesmo: ‘Eu te amo’”, opinou Larissa, em entrevista ao Globoesporte.com.
Diferente das atletas do voleibol, a lutadora de MMA Amanda Nunes sempre expôs a condição de homossexual em suas redes sociais. No entanto, a sua opção só ganhou mais evidência depois que ela conquistou o título do UFC no peso-galo. Apesar de, ocasionalmente, receber algumas críticas via rede social, a atleta não se queixa de preconceito. Ela mora com a namorada Nina Ansaroff, também lutadora do Ultimate, nos Estados Unidos. “Nunca sofremos (preconceito). Aqui nos EUA tem um apoio muito grande. Estou feliz, é o que importa. Em qualquer lugar, viveria tranquila, sem me preocupar com nada disso”, disse à ESPN.