A estrutura pequena do barco gammone - com seis compartimentos infláveis, dois motores e o restante em fibra - pode até enganar. A aparente fragilidade, porém, é esquecida quando os italianos Sergio Davi e Alessio Villasboas começam a contar as aventuras já vivenciadas em travessias a bordo do modelo. A última foi a Expedição Ocean RIB Experience, que começou em 29 de abril e foi encerrada no último dia 17. Eles concluíram 4.300 milhas náuticas (7.963 quilômetros) entre a cidade italiana de Palermo e o Recife. Foi a quarta expedição da dupla, que está ancorada no Cabanga Iate Clube de Pernambuco.
As expedições com o gammone começaram em 2010, quando foram de Palermo, onde moram, até Amsterdam, na Holanda. Dois anos depois, partiram da cidade natal até o extremo Norte da Noruega, último ponto antes do Polo Norte. Essa travessia nem tinha chegado ao fim quando decidiram que repetiriam a aventura, mas em direção ao Brasil. “Escolhemos o Brasil depois de estudarmos um pouco sobre o país. É um lugar de uma diversidade enorme. Parece muito com a Sicília (região da qual Palermo é a capital)”, contou Sergio.
Em 2015, a dupla saiu de Palermo e tentou chegar ao Rio de Janeiro. Pela primeira vez, porém, o destino final não foi alcançado. “Um incêndio no motor fez a aventura ser encerrada precocemente nas Ilhas Canárias”, lamentou Alessio.
Na segunda tentativa de chegar ao Brasil, eles mudaram a rota e resolveram vir até o Recife. Antes do destino final, porém, estiveram em Natal, Fernando de Noronha e Itamaracá. Durante a viagem como um todo, fizeram paradas ainda na Sardenha, em Ilhas do Mediterrâneo, no Sul da Espanha, no Estreito de Gibraltar, no Marrocos, Ilhas Canárias e Cabo Verde.
“Não teve nada de ruim nessa travessia. A única dificuldade foi uma tempestade que enfrentamos quando estávamos atravessando o Equador. Mas já estávamos preparados . Sabíamos que íamos encontrar essa tempestade de mar, vento e chuva nessa região”, contou Alessio.
Durante os 49 dias de viagem, Sergio e Alessio se revezaram nos momentos de dormir. Eles colocavam um travesseiro na parte de trás do gammone e descansavam em turnos diferentes. “Não organizamos uma escala para as dormidas. Dormíamos pouco, mas era algo natural. Eu gostava de ficar acordado até mais tarde, enquanto Sérgio dormia mais cedo”, contou Alessio.
A dieta da dupla durante os dias de travessia foi à base de comidas práticas, como biscoitos, frutas e enlatados. O alívio pela conclusão do projeto foi traduzido no beijo que Sergio deu no chão, assim que ele e Alessio ancoraram no Cabanga.