As 12 meninas que formam a equipe mirim de basquete do Colégio Agnes foram reveladas graças a um projeto social que trabalha com a modalidade há 11 em Pernambuco. Desde 2006, o Nosso Clube recebe crianças de comunidades carentes e as iniciam no esporte. No começo de cada ano, o idealizador da iniciativa, Antônio Carlos Afini Júnior, e voluntários percorrem as escolas públicas do Recife e cidades vizinhas para divulgar que estarão recebendo novas crianças nas escolinhas de basquete.
Os treinos acontecem quase que diariamente na quadra do Colégio Lubienska, parceiro do projeto. Antes destinado apenas ao fomento, o trabalho com as crianças de escolas públicas passou a ser voltado também para as competições. Essa mudança de objetivo só aconteceu depois que o Nosso Clube recebeu a visita do então técnico da seleção brasileira masculina de basquete, Rubén Magnano. O treinador deixou o cargo logo após os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em agosto do ano passado. “Ele veio conversar com as crianças e me disse que, o projeto só sobreviveria se eu começasse a conquistar resultados”, lembrou Afini.
Depois de reestruturar o objetivo do Nosso Clube, Afini reorganizou as atividades em três estágios. O primeiro é a escolinha, onde as crianças aprendem os primeiros fundamentos do basquete. Depois os que mais se destacam formam as equipes. Para isso, porém, ter apenas boa técnica não é suficiente. “O comportamento em casa, com a família, e as notas também são cobrados”, contou o idealizador do Nosso Clube.
Por fim, na última etapa, os jovens passam a ter um tratamento mais profissional no esporte. Além dos treinos quase diários, também contam com a parte física, realizada em uma academia do Recife.
Essa segmentação de trabalho já trouxe diversas conquistas para as equipes formadas pelo Nosso Clube. Com o grupo mirim, que representa o Colégio Agnes em competições escolares e o Nosso Clube nos demais torneios, já são cinco títulos estaduais. Também há conquistas nos Jogos Escolares da Juventude e boas participações no Campeonato Sul-Americanos da categoria.
Este ano, as meninas estão se programando para disputar o torneio continental pela quinta vez consecutiva. “Quando participamos do Sul-Americano pela primeira vez, ganhamos de muitas equipes e sempre escutávamos as pessoas perguntando que time era aquele que veio de Pernambuco. Isso acabou se transformando no nosso grito de guerra. Antes das partidas, as meninas gritam: ‘que time é esse que vem de Pernambuco?’. E apenas capitão responde: ‘É o Nosso Clube!’ Esse projeto é uma forma de devolver ao basquete tudo o que ele me deu”, contou Afini, que também foi atleta da modalidade.