Era abril de 2016. Pela primeira vez na carreira, a pernambucana Renata Arruda, então com 17 anos, foi chamada a defender a seleção brasileira juvenil no Campeonato Pan-Americano de Handebol da categoria, que aconteceu no Chile. Apesar do nervosismo natural, a goleira conseguiu dar mostras do talento que, posteriormente, assegurou-lhe convocações à equipe principal. Na mais recente, aos Jogos Pan-Americanos de Lima, no Peru, Renata se destacou a ponto de ser essencial para o País vencer a Argentina na final, levar o ouro e garantir vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Apesar das boas impressões causadas, a pernambucana evita qualquer tipo de euforia quanto a ser a dona da posição na equipe do espanhol Jorge Dueñas.
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Depois do Pan de Lima, que chega ao fim hoje, o compromisso mais importante da seleção brasileira feminina de handebol este ano é o Campeonato Mundial. A competição acontece entre 30 de novembro e 15 de dezembro, no Japão. O Brasil está no Grupo B, ao lado de Dinamarca, Alemanha, França, Coreia do Sul e Austrália. O torneio deve ser determinante para definir as 16 atletas que vão defender o País na Olimpíada de Tóquio.
“Desde o início, eu sempre fui muito cabeça dura em ter a noção que eu tenho que batalhar pelo meu espaço. Não quero roubar o espaço de ninguém, já fui muito clara nessa situação. Quero conquistar o meu lugar e, pouco a pouco, eu estou tentando conseguir isso. E eu acho que vai continuar sendo assim. Você estar na seleção depende do seu trabalho no clube. Eu vou continuar trabalhando no meu clube (o espanhol Super Amara Bera Bera), como sempre trabalhei. O sucesso só vem com o trabalho e acredito que seja isso. Para disputar o Mundial e conquistar essa vaga, eu vou ter que trabalhar muito, como sempre foi durante todos esses anos e vou manter essa ideia”, afirmou Renata.
VIRANDO O JOGO
A atuação da goleira nos Jogos Pan-Americanos de Lima rendeu muitos elogios da comissão técnica e das jogadoras mais experientes. Além de ter feito jogos muito bons, a pernambucana mudou a história da final quando entrou em quadra. O Brasil vinha perdendo para a Argentina e, após defesas importantes de Renata, conseguiu a virada por 30x21 e, consequentemente, o título. Foi o sexto troféu do País no torneio continental e o terceiro faturado em uma decisão contra as argentinas.
“O jogo contra a Argentina foi o meu jogo no Pan. Beleza que o Brasil já tinha uma medalha garantida, mas o que a gente queria mesmo era o acesso direto a Tóquio-2020. E foi isso que aconteceu”, afirmou a goleira. A proposta do Brasil estava bem definida. “O nosso objetivo era deixar que elas não gostassem do jogo e foi exatamente isso que aconteceu. A Argentina começou a gostar do jogo, a gente começou a entrar no nervosismo e, como eu jogo com algumas meninas argentinas que atuam na Espanha, eu sei o jeito delas arremessarem. E, quando eu entrei, eu sabia que podia ajudar o Brasil. E eu consegui, me mantendo tranquila. Consegui parar algumas bolas, que foram importantes para a gente voltar para o jogo. Pois fizemos o primeiro gol e depois começamos a perder, se eu não me engano, e era o que faltava para a gente. Uma troca de chip para começar a entrar no jogo”, relembrou Renata.
A goleira foi revelada pelo técnico Cristiano Rocha, aos 13 anos, no Clube Português. Durante o Pan de Lima, Renata contou com as orientações do antigo treinador, já que ele integra a comissão técnica do Brasil.