RIO DE JANEIRO - Sob forte chuva, a cerimônia de encerramento dos Jogos Rio-2016 marcou a passagem da bandeira olímpica da Cidade Maravilhora a Tóquio, sede da edição de 2020, em festa colorida com mistura de ritmos para marcar o fim da festa do esporte, com o apagar da chama olímpica, no estádio do Maracanã.
Foram 19 dias de competição nas primeiras Olimpíadas da história da América do Sul, 974 medalhas distribuídas momentos de muita emoção que marcaram a história do esporte, com astros como Usain Bolt, Michael Phelps, Neymar ou Simone Biles brilhando.
O Brasil encerrou com chave de ouro a melhor campanha da sua história, com o título da seleção masculina de vôlei, a 19ª medalha do país nesses Jogos disputados em casa. As últimas medalhas foram entregues no meio da cerimônia de encerramento, com o queniano Eliud Kipchogue, campeão olímpico da maratona, qe foi muito aplaudido, depois de ser recebido em um Sambódromo praticamente vazio ao final dos 42,195 km percorridos pela manhã.
Às 21h47 (horário de Brasília), o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, de chapéu branco, entregou a bandeira olímpica para, o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, que a repassou para a governadora da Província de Tóquio, Yuriko Koike, que usava um quimono tradicional.
Premiê japones vira Super Mário
Seguiu-se uma apresentação de oito minutos, um aperitivo high-tech que deu um gostinho do que pode se esperar daqui a quatro anos, com ícones da cultura pop japonesa, os mais diversos mangás e personagens de videogame.
O mais aclamado foi Super Mario, fez uma conexão direta entre Rio e Tóquio, através de um encanamento. Quem apareceu do outro lado do tubo foi o primeiro-ministro do país, Shinzo Abe, caracterizado como personagem e sorrindo como uma criança, acenando para o público.
Do lado brasileiro, o presidente interino Michel Temer não compareceu à cerimônia. O show japonês terminou com a mensagem "See you in Tokyo" (Vejo vocês em Tóquio, em inglês). Antes de declarar a Olimpíada oficialmente encerrada, o presidente do Comite Olímpico Internacional (COI), Thomas
Bach, saudou "Jogos Maravilhosos na Cidade Maravilhosa". Para o dirigente alemão, o evento foi uma "celebração da diversidade", que "deixará um legado único para as gerações futuras". "A história lembrará que houve um Rio antes dos Jogos, que será bem melhor depois dos Jogos", completou.
O vídeo que antecedeu a contagem regressiva da cerimônia voltou a mostrar imagens de Santos Dumont, que já tinha sido 'protagonista' da abertura, com sua mítica aeronave 14 Bis voando pelo estádio.
O primeiro grande momento de emoção foi a interpretação de "Carinhoso", de Pixinguinha e João de Barro, por Martinho da Vila.
O hino nacional também deixou o público arrepiado, com a bandeira trazida pela lenda viva do tênis Maria Esther Bueno, dona de 19 títulos de Grand Slams.
O hino foi cantado por 27 crianças, representando os 26 Estados e o Distrito Federal, com luzes acendendo em cima de suas cabeças, formando as estrelas em cima de uma projeção da bandeira.
Marchinhas para encerrar
O palco estava montado para receber os heróis dos Jogos, os atletas, ao som de "Tico-tico no fubá". A Grécia, que deu origem aos Jogos, entrou primeiro, seguida do Brasil, liderado pelo porta-bandeira Isaquias Queiroz, primeiro atleta do país a conquistar três medalhas olímpicas em uma única edição dos Jogos, na canoagem.
Em cima da lona que cobria o gramado, todos dançavam freneticamente ao som de ritmos tradicionais de todas as regiões do Brasil, com destaque especial para o frevo, misturados com a batida da música eletrônica.
Depois das competições acirradas, os atletas eram só sorrisos, distribuindo beijinhos para o público e para as câmeras e se despedindo do Rio com sensação de dever cumprido. Após a passagem dos atletas foi a vez de uma homenagem às rendeiras, antes de uma coreografia do Grupo Corpo deu vida a "Asa Branca", o clássico de Luiz Gonzaga.
Os atletas voltaram a ser os protagonistas em vídeo exibindo os melhores momentos dos Jogos, com trilha sonora para lá de especial: "Bachianas brasileiras nº5", de Heitor Villa-Lobos. As imagens mostrando atletas brasileiros, como Rafaela Silva, Neymar ou Arthur Zanetti, foram os mais aplaudidos, assim como o superastro jamaicano Usain Bolt, que completou o histórico 'triplo-tricampeonato' no Rio, um dos momentos mais inesquecíveis desses Jogos.
A pira foi apagada da forma mais natural possível, com água caindo do céu, enquanto a cantora Mariene de Castro entoava "Pelo tempo que durar", de Marisa Monte e Adriana Calcanhotto.
No centro do estádio, uma grande árvore lembrou que a proposta de realizar Jogos sustentáveis, com respeito ao meio ambiente, apesar da meta de despoluir a Baia de Guanabara não ter sido cumprida. Como não poderia deixar de ser, tudo acabou em festa, com marchinhas de carnaval embaladas pelo Cordão da Bola Preta e chuva de papel picado.