'Hora de usar a inteligência', diz presidente do Santa Cruz

O presidente Constantino Júnior avaliou o primeiro ano de gestão no Santa Cruz e traçou as perspectivas para 2019 em entrevista exclusiva ao JC
Davi Saboya
Publicado em 02/09/2018 às 8:02
O presidente Constantino Júnior avaliou o primeiro ano de gestão no Santa Cruz e traçou as perspectivas para 2019 em entrevista exclusiva ao JC Foto: Foto: Guga Matos/JC Imagem


O presidente Constantino Júnior, eleito para o triênio 2018-2020, avaliou em entrevista ao repórter Davi Saboya o seu primeiro ano de gestão e traçou as perspectivas para 2019. Depois de sete anos comandando o departamento futebol, o mandatário precisou lidar com uma maior responsabilidade, além de responder pelos fracassos no Estadual, Nordestão, Copa do Brasil e Série C do Campeonato Brasileiro. Novamente na Terceira Divisão e com menos recursos, ele enxerga que o clube irá começar a próxima temporada melhor que a atual. Mesmo com as decepções, garantiu que foi possível avançar em 2018.

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CONFIRA

PRIMEIRO ANO
Claro que é uma temporada triste porque não conseguimos o objetivo principal, que era o acesso, apesar das dificuldades. Mas não cabe lamentação. Sabíamos que seria difícil por conta do passado. O país passa por um momento difícil, o que dificulta angariar mais recursos. Pegamos um elenco quase do zero e assim a margem de erro seria maior.

ADMINISTRAÇÃO
Foi um ano também que tivemos condições de organizar a “casa”. Trouxemos gente nova para implementar um modelo de gestão, tentar diminuir os custos e aumentar as receitas. Chegamos a um jogo do principal objetivo, antes conseguimos o resultado em casa. Cabe as pessoas que estão apoiando a gestão, os ex-presidentes, os sócios, seguirem juntos para que possamos mudar a situação.

SÉRIE C
A decepção mais dolorosa. Sabíamos que não seria fácil conseguir o acesso, tivemos um momento irregular na primeira fase, mas engrenamos na reta final. O Santa Cruz pegou um padrão de jogo, a torcida abraçou, colocou 50 mil no Arruda depois de tanto tempo. Existiu todo um movimento remando a favor do acesso, conseguimos vencer o primeiro jogo. A derrota do jeito que foi lá pensou muito. O próximo ano poderia ter sido completamente diferente. Tem muito coisa em volta do acesso.

ROBERTO FERNANDES
Avaliação muito boa. O treinador foi bem, teve o controle do grupo, conseguiu motivar e preparar os atletas. Ouvi muito quando ele (Roberto Fernandes) chegou, mas sou testemunha que se dedicou demais, abraçou a causa, por detalhes não conquistamos o acesso, mas fez um trabalho muito bom.

ARREPENDIMENTO
Tivemos uma dificuldade no número de inscrições de atletas na Série C. Se tivéssemos trabalhado melhor, poderíamos ter aproveitado mais jogadores das categorias de base. Brigamos para disputar o Campeonato Brasileiro de Aspirantes sub-23, fizemos um time competitivo. Quanto às outras coisas, quem está no futebol, lida com a pressão, faz parte. Procurei ouvir todo mundo, debater, discutir, comandar. O arrependimento existe claro, mas na intenção de querer o melhor.

ELENCO
As negociações estão sendo feitas individualmente. Tem jogador que recebeu setembro, julho, logo quando chegou, por exemplo. Cada caso foi tratado separadamente. Está existindo um respeito de ambas as partes para cumprir tudo que foi acordado. Não conseguimos avançar de fase, ganhar mais uma quantia, todos estão tendo entendimento e ninguém vai sair sem receber o que merece.

MOMENTO
Precisamos obedecer um planejamento digno para ser fiel aos nossos compromissos. É o momento de traçar o caminho que será seguido nos próximos meses e em 2019. Teremos uma definição, mas é a hora de reflexão para poder honrar o que prometemos neste ano e em seguida partir para treinador e contratações. O Santa Cruz estava com uma imagem muito arranhada por conta dos dois rebaixamentos. Tivemos uma dificuldade muito grande para resgatar e construir uma nova identidade.

FUTEBOL
O trabalho da direção é avaliado pelo sucesso, mas quem viveu o dia a dia do clube sabe que o nosso executivo Fred Gomes fez um trabalho muito bom. Assim como o nosso vice-presidente Felipe Rego Barros, um cara muito bem relacionado entre os jogadores, que tinha o respeito deles. É um momento de arrumação e estamos fazendo um balanço para definir como vai funcionar em 2019.

INATIVIDADE
Lá atrás foi feito um planejamento prevendo os cenários. Claro, agora está tudo mais difícil e doloroso. Iremos precisar cortar na própria carne. Existem pessoas estudando o clube para que possamos ter um equilíbrio e que sirva para manter em 2019. Precisaremos enxugar tudo. O ideal no fim da temporada era aumentar a receita, mas sem jogar dificulta. A falta de calendário atrapalha, mas será a hora de usar a inteligência.

APOIO
Tivemos muita gente trabalhando conosco para juntos podermos honrar os compromissos e não precisarmos antecipar nenhuma recurso de cota de TV ou patrocinador.

FINANÇAS
Existiu uma oscilação durante o ano que em média o custo era de R$ 800 mil e a receita R$ 400 mil. Agora temos um equilíbrio melhor. Muitas despesas estão inclusas nas folhas, que não irão existir mais sem os jogos. Cairá razoavelmente a diferença. Ao invés de 100%, será cerca de 60%, 70%.

RECEITAS
Certo para o ano que vem temos as cotas do Estadual (R$ 1 milhão bruto), Copa do Nordeste (cerca de R$ 1,5 milhão líquido) e Copa do Brasil (em média R$500 mil bruto). Este ano não tivemos nada disso, com certeza já começaremos o próximo ano melhor.

2019
A nossa ideia inicial é começar a pré-temporada em dezembro com os jogadores das categorias de base e os mais experientes chegando aos poucos. Mas ainda é cedo, não está definido.

DÍVIDAS
O nosso departamento jurídico está avaliando cada caso e vendo o que é possível ser feito. Quanto melhor a situação do clube, mais recursos teremos para pagar essas dívidas. Não é possível cortar o bolo quando ele está pequeno. Hoje o Santa Cruz tem uma equilíbrio grande em relação aos débitos fiscais e vem procurando desde 2016 pagar os impostos, parcela do Profut, tudo em dia, com uma responsabilidade fiscal grande. No total, gira em torno de R$ 60 milhões o passivo.

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