Chapas rearmam o palanque no Sport

Depois de 3 dias de "pacto de silêncio", declaração de João Humberto Martorelli inflamou integrantes da oposição
ALEXANDRE ARDITTI
Publicado em 30/11/2016 às 14:23
Depois de 3 dias de "pacto de silêncio", declaração de João Humberto Martorelli inflamou integrantes da oposição Foto: Divulgação


O palanque está mais uma vez armado na Ilha do Retiro. Durou apenas três dias a promessa das duas chapas que concorrem à presidência do Sport de interromperem as suas campanhas enquanto o time luta pela permanência na Série A do Brasileiro. O pacto de silêncio foi quebrado na manhã desta quarta-feira (30), quando João Humberto Martorelli, atual mandatário do clube e principal “cabo eleitoral” do candidato de situação, gravou um áudio no Whatsapp e enviou aos jornalistas que cobrem o Leão. Nele, reclamava da decisão tomada na véspera pelo Conselho Deliberativo de proibir o uso de urnas eletrônicas na eleição do dia 16 e chamava os oposicionistas de ultrapassados por defenderem o voto em cédulas de papel.

A reação da chapa de oposição foi imediata. O candidato à presidência, o empresário Wanderson Lacerda, disse que a sua campanha recomeçou e que pretende apresentar seu “projeto de governância” para o biênio 2017/2018 ainda nesta semana. “Ele (Martorelli) quebrou o pacto de silêncio em prol do time. Fiquei surpreso com isso. Quis se insurgir contra o Conselho e fez críticas a nós. Não somos o passado, como ele diz, e sim o futuro. Só não podemos ser contrários ao Estatuto do clube. Vamos fazer campanha até a próxima quinta-feira (dia 8), depois paramos para respeitar o elenco que faz essa decisão contra o Figueirense no dia 11”, disse Wanderson.

Procurado pela reportagem do JC, o candidato da situação à presidência, o advogado Arnaldo Barros, garantiu que permaneceria sem conceder entrevistas até a partida entre Sport e Figueirense, apesar de a última rodada do Brasileirão ter sido adiada do dia 4 para o 11, menos de uma semana antes da eleição, marcada para 16 de dezembro. A mudança na data da Série A foi em decorrência do acidente aéreo com a delegação da Chapecoense, na madrugada de terça-feira, em Medellín, na Colômbia.

DECISÃO

O Conselho Deliberativo do Leão se apoiou no artigo 108, parágrafo único, do Estatuto do clube para proibir o uso das urnas eletrônicas. “... O eleitor votará pela ordem de assinatura no livro de presença e apresentará como documento de identidade, a sua carteira social. Após, receberá uma sobrecarta rubricada pelo presidente da Mesa Eleitoral, dentro da qual colocará sua cédula. Em seguida, deverá fechar a sobrecarta e colocá-la na urna destinada a receber votos”, diz o texto.

Confira a íntegra da declaração do presidente João Humberto Martorelli. 

“Com relação a essa decisão do Conselho Deliberativo de proibir as urnas eletrônicas nas eleições do dia 16, impondo o voto em papel, eu pedi à vice-presidência jurídica que analisasse a competência do Conselho para deliberar sobre esse assunto e a legalidade da decisão tomada. O que é importante, porém, independentemente dessa competência jurídica, é que essa decisão de barrar as urnas eletrônicas foi de alguns conselheiros ligados à Chapa 2, de Wanderson Lacerda e Milton Bivar. Isso para mim é o retrato muito claro do que vai estar em jogo nas próximas eleições. Enquanto a Chapa 1, de Arnaldo Barros e Gustavo Dubeux, que eu apoio, quer o Sport moderno, das urnas eletrônicas, da modernidade... A outra chapa prega a volta às velhas práticas. É uma cultura velha. O mundo moderno exige para conforto dos eleitores uma eleição rápida e apurada de maneira celere. E não aquele velho voto de papel que exige horas e horas de apuração. Esse é o retrato do que estará em jogo nas eleições: o Sport moderno versus o Sport das velhas práticas”.


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