Já era madrugada desta quinta-feira (20) quando o goleiro Magrão voltou a fazer o que sabe de melhor com a camisa do Sport. Nas cobranças de pênaltis contra o Joinville, pelo segundo jogo da quarta fase da Copa do Brasil, em Santa Catarina, primeiro o arqueiro frustrou Fernandinho, depois Danrley. Justamente no dia em que o anúncio de sua contratação pelo Leão completa 12 anos, Magrão defendeu duas penalidades, viu a sua estrela brilhar e ajudou a classificar o Sport às oitavas da competição nacional.
Na data especial, o arqueiro atingiu a marca de impressionantes 28 pênaltis defendidas pelo rubro-negro pernambucano. “Fico muito feliz com essa marca. Defender pênalti não é fácil e atingir essa marca é muito gratificante. Ainda mais com a camisa do Sport, um clube que eu me identifico bastante. Graças a Deus pude ajudar a equipe no jogo, que foi difícil”, comentou Magrão.
Após ter a contratação anunciada pelo Sport em 20 de abril de 2005, Alessandro Beti Rosa desembarcou no Recife um dia depois e nem imaginava que estava chegando para suprir uma grande lacuna abaixo das traves leoninas. O clube sempre teve a tradição de ter grandes goleiros, como Manoelzinho, Manga, Tobias, Emerson Leão, País, Gilberto e Bosco. Desde a saída desse último, em 2000, porém, nenhum jogador conseguia se consolidar na posição.
A partir de 2003, Maizena viveu grandes momentos, mas não chegou a justificar toda a tradição dos arqueiros rubro-negros. Magrão foi trazido para o Sport pelo então técnico Zé Teodoro, vindo do Rio Branco-SP. Depois de enfrentar algumas dificuldades no início da trajetória no Leão, o jogador se firmou e hoje ocupa o status de ídolo na Ilha do Retiro. O curioso é que ele já cogitava abandonar a carreira quando aceitou o desafio de jogar no Sport.
Antes de chegar ao Leão, dos últimos cinco clubes pelos quais os jogador tinha passado, apenas um havia honrado os compromissos salariais contraídos com o goleiro. Magrão passou pela Portuguesa, Botafogo de Ribeirão Preto-SP, Rio Branco-SP, Ceará, Fortaleza e retornou ao Rio Branco-SP. Apenas o tricolor cearense pagou o salário do goleiro em dia. “Em 2005, passamos seis meses sem receber. Ele já pensava em desistir, pois as dificuldades eram grandes, já tínhamos três filhos. Foi então que ele veio para o Sport e Deus nos ajudou nesse propósito”, relembrou a esposa de Magrão, Marylu.
No começo da carreira no Leão, porém, o arqueiro foi obrigado a passar por novo aperto financeiro. Em um momento de crise, o jogador teve o salário atrasado por três meses, a primeira e última vez em que isso aconteceu no Sport, segundo Marylu. “A gente gosta de honrar quem honra a nossa família. Naquele momento, o coronel Adelson Wanderley tirou dinheiro do próprio bolso e nos ajudou”, relembrou.
Nos últimos 12 anos atuando pelo Sport, o arqueiro que recém completou 40 anos já esteve em campo 644 vezes. Entre tantas partidas, tem a conquista de seis títulos pernambucanos ( 2006, 2007, 2008, 2009, 2010 e 2014), uma Copa do Brasil (2008), uma Copa do Nordeste (2014) e três Taças Ariano Suassuna (2015, 2016, 2017). Sem previsão para se aposentar, a meta de Magrão agora é conquistar mais títulos com a camisa leonina.