Até o momento, o retorno de Nelsinho Baptista ao Sport não está sendo como os torcedores rubro-negros esperavam. Em quatro meses de trabalho, ele comandou a equipe leonina em 16 partidas, com sete vitórias, cinco empates e quatro derrotas. Um aproveitamento é de 54%. Contudo, além dos números discretos, o que pesa ainda mais contra o treinador foram os objetivos não alcançados no primeiro trimestre - eliminação precoce na Copa do Brasil e no Campeonato Pernambucano para duas equipes da Quarta Divisão: Ferroviária-CE e Central, na ordem. Para piorar, na estreia do Brasileirão, uma derrota preocupante de 3x0 diante do América-MG (provável adversário direto na briga contra o rebaixamento), com participação direta do técnico, que optou pela estreia de cinco novatos de uma vez e ainda improvisou Raul Prata na lateral esquerda. Apesar de um saldo nada positivo à frente do time e de decisões questionáveis, a condição de ídolo do clube após a conquista da Copa do Brasil de 2008 parece estar ajudando Nelsinho a controlar a impaciência da torcida e a blindá-lo das críticas pelo mau rendimento do time em campo.
"Quando cheguei aqui, eu disse que essa conquista ficou para trás. Não fui contratado pelo Sport por aquela conquista. Vim pelo trabalho que desenvolvi durante os meus nove anos no Japão. Não fujo da responsabilidade que eu tenho. Dentro dela, procuro fazer o que posso. Tenho muitos títulos na carreira, mas todos ficaram para trás. Estou em busca de outros”, disparou Nelsinho.
Para o colunista do Jornal do Commercio, Carlyle Paes Barreto, a maior tolerância dos torcedores na hora de cobrar é por se tratar de um ídolo do clube. “É natural essa blindagem. Não só pelo título da Copa do Brasil, mas por tudo o que ele representa. Mas essa blindagem tem prazo. Até porque a torcida sabe que, apesar de a montagem do elenco ter começado antes da chegada de Nelsinho, ele poderia fazer o Sport jogar mais. No Pernambucano e na Copa do Brasil, o Sport poderia ter apresentado um melhor futebol, mesmo com os jogadores que tinha”, opinou.
Uma nova derrota do Leão na Série A do Brasileiro, amanhã, contra o Botafogo, na Ilha do Retiro, pode ser a gota d’água para que a torcida passe a pressionar o treinador. Mesmo ele não enxergando dessa maneira. “Estamos falando aqui de uma situação que é o primeiro jogo do campeonato. Então, nós não temos que perder o rumo do que foi traçado para a competição. Temos de seguir trabalhando e mostrando aos jogadores que estamos atentos e avaliando seriamente todos eles. Buscar orientar e cobrar dos atletas que a gente consiga o entrosamento o mais rápido possível”, frisou Baptista.
Para evitar um novo resultado negativo, o comandante rubro-negro não descarta algumas modificações diante dos botafoguenses. “Podemos ter mudanças, sim. Acho que é importante, pois estamos iniciando o trabalho na Série A. Queremos achar o time ideal o mais rápido possível. Por isso, podemos ter novidades”, explicou o comandante rubro-negro.
O nome de Nelsinho estava dentro do perfil que a diretoria do Sport vinha contratando: de grife. Porém, assim como os anteriores - Paulo Roberto Falcão, Oswaldo de Oliveira, Ney Franco e Vanderlei Luxemburgo - Baptista não vem realizando bom trabalho. Prova de que a somente a experiência não tem feito a diferença no Leão, já que os técnicos com melhor desempenho no clube nos últimos anos tinham abaixo de 50 anos: Eduardo Baptista (46) e Daniel Paulista (35).