A Universidade de São Paulo (USP) volta a discutir a adoção de cotas raciais em seu vestibular. A questão é um dos itens que será debatido na reunião do Conselho Universitário da instituição, que ocorre nesta terça (25).
A USP adota atualmente um sistema de inclusão, o Programa de Inclusão Social da USP (Inclusp), que dá bônus aos alunos advindos de escolas do ensino público, mas não há cotas para estudantes negros ou indígenas.
“Se você comparar o Inclusp com outros programas de inclusão de outras universidades públicas do Brasil, você vai descobrir que o Inclusp é o programa que menos inclui brancos pobres e menos inclui negros”, disse o diretor executivo do Educafro, Frei David Raimundo dos Santo. Ele participava de uma manifestação pró-cotas em frente ao prédio da Reitoria da USP, onde o conselho está reunido. O protesto teve a participação de cerca de 50 pessoas, segundo levantamente feito pela reportagem da Agência Brasil.
“Como é possível uma universidade se dar por satisfeita quando ela está em um estado onde há 36% de negros e nos cursos de medicina, odontologia e direito só entram 0,8% de negros? Como ela pode estar tranquila e o conselho pode se reunir e não perceber esse equívoco?”, disse.
Em 2012, 28% dos alunos que ingressaram na USP vieram da rede pública de ensino, de acordo com dados do Inclusp. O número corresponde a 3.038 vagas. Em 2011, o percentual de alunos egressos da rede pública era 25%.
Os cursos com o maior percentual de alunos vindos do ensino público foram: farmácia-bioquímica (45,3%), letras (42,8%), pedagogia (40%), jornalismo (39%) e ciências sociais (34,5%). Todos os cursos, entretanto, tiveram matrículas de alunos oriundos do ensino público.