A chamada "fome invisível", uma condição desconhecida e definida como uma carência de micronutrientes, afeta mais de 2 bilhões de pessoas no mundo, segundo um relatório publicado nesta segunda-feira pelo Instituto Internacional de Pesquisas sobre a Alimentação (IFPRI).
O IFPRI, que publica todos os anos uma avaliação sobre a fome no mundo, alerta para este tipo de má nutrição geralmente ignorado e que afeta as populações cuja alimentação é pobre em nutrientes essenciais.
Zinco, ferro, iodo, vitaminas A e B são alguns dos componentes nutritivos vitais para uma boa saúde e um bom desenvolvimento, explica o organismo, com sede em Washington.
Apesar de os efeitos da "fome invisível" não serem observados a curto prazo, eles são devastadores com a passagem do tempo: alta da mortalidade materna e infantil, deficiências físicas, enfraquecimento do sistema imunológico e das faculdades intelectuais.
Além disso, o sobrepreso - e inclusive a obesidade - é outro problema do consumo excessivo de "macronutrientes" em excesso (lipídeos, glicídeos), acrescenta o relatório.
Mais de dois bilhões de pessoas são afetadas no mundo por esta carência, mais que o dobro dos 805 milhões de pessoas cujas necessidades calóricas não são atendidas, segundo o relatório, elaborado em conjunto pelas ONG francesa Acted, irlandesa Concern Worldwide e alemã Welthungerhilfe.
No total, a "fome invisível" mata todos os anos 1,1 milhão de crianças dos 3,1 milhões que morrem anualmente por um problema de má nutrição, indica o estudo.
Além das consequências para a saúde, a "fome invisível" afeta muito as economias dos países ao prejudicar a produtividade das populações, segundo afirma o IFPRI.
O Produto Interno Bruto (PIB) se vê reduzido assim na maioria dos países em desenvolvimento de 0,7% a 2%.
Entre as recomendações, o organismo convida os governos a "aumentar a diversidade alimentar", principalmente obrigando a acrescentar zinco, ferro e vitaminas essenciais aos alimentos durante sua transformação.
Sobre o estado da fome no mundo, o IFPRI constata uma melhoria nos países em desenvolvimento desde 1990, mas recorda que a situação continua sendo grave.
Entre os 16 países mais afetados, segundo dados reunidos entre 2009 e 2013, dois apresentam uma situação "extremamente alarmante" e estão situados na África Oriental: Eritreia e Burundi.
A África subsaariana e a Ásia do Sul reúnem a quase totalidade dos países cuja situação é considerada "alarmante": Laos, Moçambique, Níger, República Centro-africana, Madagascar, Serra Leoa, Zâmbia, Iêmen, Etiópia, Chade, Sudão/Sudão do Sul (reagrupados por falta de dados separados), as Ilhas Comores e Timor Oriental.
Além dos citados, o Haiti também está entre os países em situação alarmante.