O secretário estadual de Saúde, David Uip, anunciou hoje (25), que o governo intensificará as ações de prevenção e combate ao aumento de casos de dengue no estado, com a contratação de 500 agentes pela Superintendência de Controle de Endemias (Sucen) e o apoio de 30 médicos da Polícia Militar.
O combate à dengue terá também parceria com diversas empresas e instituições que colaborarão na distribuição de material informativo para alertar a população e na antecipação da fase final da vacina, por meio de testes clínicos em seres humanos.
Na avaliação do secretário, o estado vem cumprindo seu papel na prevenção e atendimento dos casos de forma constante e ininterrupta, entretanto, nem todos os municípios conseguiram dar a resposta adequada à situação atual. “Neste momento temos um aumento do número de casos em populações que nunca tiveram contato com a doença. Além disso, temos quatro tipos de dengue e o indivíduo que teve um tipo cria proteção contra esse, mas não contra os outros. Portanto, cada pessoa, pode ter dengue quatro vezes e a segunda pode ser mais grave que a primeira.”
Uip ressaltou que como qualquer outra doença causada por vírus a dengue jamais será totalmente controlada, principalmente se não houver uma vacina. “Isso porque envolve desde o controle do vetor, que tem 80% de seus redutos nos domicílios, desde caixa-d’água até piscinas não tratadas em casas de veraneio”.
Por isso a secretaria pedirá hoje para a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) que antecipe a terceira fase de testes clínicos da vacina, que pode adiantar a produção em dois anos. Segundo dados da secretaria, o Instituto Butantan, responsável pelas pesquisas, poderá disponibilizar imediatamente 13 mil doses da vacina para o estudo antecipado, que será feito em ambiente controlado e aprovado pelas autoridades éticas e sanitárias. Serão imunizados voluntários em locais de alta incidência da doença. A pesquisa é feita em parceria com a Universidade de São Paulo, Instituto da Criança do Hospital das Clínicas e com o Instituto Adolfo Lutz.
“A vacina está sendo estudada há sete anos. Uma das vantagens é a dose única, que facilita a adesão. A segunda fase demonstrou segurança, causando como efeito colateral apenas vermelhidão. O que precisamos agora é conhecer a competência da vacina na proteção contra os quatro tipos. Precisamos de uma vacina que proteja o maior número de pessoas, por mais tempo e com menos efeitos colaterais,” disse Uip.
O secretário destacou ainda que o estado investirá R$ 6 milhões na contratação dos 500 profissionais que duplicarão o efetivo da Sucen. Serão mil agentes de campo para apoio em ações de nebulização. “O contrato dos novos profissionais será de três meses, prorrogáveis de acordo com a necessidade”. Os recursos também foram aplicados na aquisição de 150 atomizadores para a aplicação de inseticidas e de 450 kits de equipamentos de proteção individual para garantir a segurança dos funcionários.
As ações serão reforçadas com a distribuição de 15 milhões de cópias de materiais informativos, em formatos variados. Serão enviados dez milhões de torpedos pelo celular com recomendações sobre a eliminação de criadouros do mosquito transmissor e a importância de procurar atendimento médico quando forem notados sintomas. As orientações também serão veiculadas nos alto-falantes das estações de rede de transporte metropolitano e nos monitores instalados nos trens do Metrô. O governo terá também o apoio das concessionárias administradoras das rodovias, além de empresas e instituições que também divulgarão o material.
Segundo dados da Secretaria, 30 dos 645 municípios paulistas concentram dois terços dos casos confirmados de dengue no estado de janeiro até o dia 20 de março. A cidade de Sorocaba lidera a lista e a capital está em quatro lugar. De acordo com o Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan), nesse período o estado contabilizou 80.283 casos autóctones (com origem no próprio local) confirmados, o correspondente a 191 infecções por 100 mil habitantes. Em todo o ano passado foram confirmados 196,8 mil casos.
As informações do Sinan mostram que 128 municípios não tiveram nenhum caso confirmado e 178 cidades tiveram dez ou menos ocorrências. Neste ano foram registradas 70 mortes pela doença em São Paulo, o que representa 0,08% dos casos confirmados. Em 2014 ocorreram 90 mortes.