O presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Diosdado Cabello, visitou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu primeiro evento durante uma viagem ao Brasil.
A foto do encontro foi publicada na madrugada desta quarta-feira (10) por Cabello, em sua página no Twitter. "Camaradas, por instruções do companheiro presidente Nicolás Maduro ando pelo Brasil, trabalhando por e para a pátria."
O líder do Legislativo e um dos principais aliados de Maduro lidera uma comissão que se reunirá com empresários e membros da área econômica do governo para tentar buscar apoios para aumentar a capacidade produtiva da Venezuela.
Além de Cabello, vieram ao Brasil os ministros da Economia, Rodolfo Torres; da Indústria, José David Cabello, e o presidente da Corporação Venezuelana de Comércio Exterior, Giuseppe Yoffreda.
Nesta quarta, eles visitaram duas fábricas da brasileira JBS no interior de São Paulo -uma de processamento de carne e de frango em Amparo (a 133 km da capital) e outra de higiene e limpeza em Lins (a 431 km da capital).
O ministro José David Cabello, que é irmão do presidente da Assembleia Nacional, publicou fotos da visita no Twitter, onde ele diz que a intenção é ver a tecnologia de processamento para poder reproduzi-la em território venezuelano.
José David Cabello observa produção de carne na fábrica da JBS em Amparo (SP)
Dona de marcas como Friboi e Minuano, a JBS é uma das principais exportadoras de produtos brasileiros para a Venezuela. À Folha de S.Paulo em março, a empresa reconheceu a oportunidade de negócios no país em meio à crise.
Na época, a empresa negou ter sido procurada pelo governo brasileiro para aumentar as exportações ao país sul-americano, que enfrenta desabastecimento devido à inflação e aos controles na venda de moedas estrangeiras.
OPOSIÇÃO
A viagem é feita uma semana antes de uma comissão do Senado brasileiro, liderada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), ir a Caracas para verificar a situação dos adversários presos do presidente Nicolás Maduro.
Eles ainda visitarão familiares dos dirigentes opositores Leopoldo López e Daniel Ceballos, presos desde 2014 acusados de incitação à violência e em greve de fome desde maio em protesto contra as detenções.
A intenção de Aécio é se contrapor à presidente Dilma Rousseff, que, assim como outros dirigentes latino-americanos, não tomou uma posição sobre a situação no país e é criticada por adversários políticos.
Já Cabello deixa Caracas em meio às acusações da Justiça dos EUA de que ele seria chefe de uma quadrilha do tráfico de drogas que opera a partir das Forças Armadas.
Ele nega a acusação, afirma ser vítima de uma conspiração da Espanha e dos Estados Unidos e ameaçou processar os jornais que publicaram a denúncia.