O país teve queda de 15% no desmatamento na Amazônia no último ano, segundo levantamento consolidado divulgado pelo governo nesta sexta-feira (14).
Os dados, que se referem aos meses de agosto de 2013 a julho de 2014, são do sistema Prodes, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Em novembro, estimativas preliminares do sistema feitas a partir de 89 imagens de satélite apontavam uma queda de 18% no desmatamento para este período. Agora, dados consolidados indicam uma queda de 15%.
A análise foi feita por meio de 214 imagens de satélite de alta resolução. Tradicionalmente, as comparações são feitas entre agosto e julho, o chamado ano fiscal do desmatamento.
Ao todo, 5.012 km² de floresta foram derrubados neste período, o equivalente a cerca de três vezes a área do município de São Paulo.
Apesar do montante expressivo, este é o segundo menor número registrado na série histórica, iniciada em 1988, perdendo apenas para o período entre 2011 e 2012. Em dez anos, a redução é de 82%.
Em números absolutos, o Estado que teve o pior resultado foi o Pará, com 1.887 km² desmatados, seguido de Mato Grosso, com 1.075 km².
Três Estados tiveram aumento no desmatamento no último ano. O maior deles ocorreu no Acre, de 40%. Os demais são Amapá e Roraima, com crescimento de 35% e 29%.
Segundo a ministra Izabella Teixeira (Meio Ambiente), no Acre, esse fenômeno está associado à implantação de mais assentamentos rurais e ao avanço da agricultura de subsistência.
Já nos demais, o avanço pode estar atrelado à migração e consequente aumento da população nestes locais nos últimos anos, de acordo com a equipe técnica do ministério.
Hoje, os dados divulgados não permitem separar a quantidade de desmatamento ocorrida de forma ilegal e o total equivalente ao permitido por lei.
De acordo com Teixeira, o Acre deve ser o primeiro Estado a cumprir um acordo com o Ministério do Meio Ambiente e a tornar disponível sua base de dados sobre a supressão da vegetação –o que poderá permitir, no futuro, essa comparação entre o desmatamento legal e ilegal.
Ainda segundo a ministra, os números consolidados indicam uma reação do governo diante do aumento de 29% no desmatamento entre 2012 e 2013, período anterior aos últimos dados.
"O dinheiro da restrição orçamentária não impediu a fiscalização", afirmou.
Em junho, a presidente Dilma Rousseff prometeu zerar o desmatamento ilegal até 2030. A meta foi anunciada durante visita aos Estados Unidos. Na ocasião, a presidente também se comprometeu a recompor cerca de 12 milhões de hectares de florestas até o mesmo ano.
'ESPECULAÇÃO'
A confirmação da queda, porém, não exime o país do receio de um novo avanço no desmatamento. Dados de outros sistemas de monitoramento, como o Deter e o Imazon, indicam um possível aumento na derrubada da floresta nos três meses seguintes ao período analisado pelo Prodes, que teve os dados divulgados somente até julho de 2014.
Embora usados para mapear tendências e aumentar a fiscalização, os dados dos demais sistemas, no entanto, são considerados menos precisos que o do Prodes, que é especializado em computar o ritmo de corte raso da floresta. A área mínima mapeada é de 6,25 hectares.
Questionada, a ministra Izabella Teixeira evitou comentar dados que podem indicar uma tendência para os próximos meses. "No ano passado, falaram que iria subir 200%, e reduziu 15%", comparou.
Uma nova estimativa de desmatamento pelo Prodes deve ser divulgada em novembro. "Continuarei vivendo essa expectativa até o final do ano. As expectativas que tenho em campo, do Ibama, indicam que temos ainda muita degradação, e temos áreas com incremento de alertas. Mas a fiscalização ainda não relata expectativa de crescimento no desmatamento. Tudo é especulação, e não trabalho com especulação", disse.
AGENDA BRASIL
A ministra também evitou se posicionar sobre as propostas que se referem ao meio ambiente apresentadas pelo Senado ao Planalto na chamada "Agenda Brasil". Entre as sugestões, estão uma possível simplificação do processo de licenciamento ambiental e novas regras para atividades produtivas em áreas indígenas, por exemplo.
Teixeira disse que ainda não conversou com o presidente do Senado, Renan Calheiros, sobre o assunto. "O debate é importante. Se for necessário aprimorar, vamos discutir. Não dá para proteger sem produzir. Nem produzir sem proteger", disse.