Série de ataques deixa ao menos 20 mortos na Grande São Paulo

Homens encapuzados estacionaram um carro, desembarcaram e dispararam vários tiros contra as vítimas
Da Folhapress
Publicado em 14/08/2015 às 10:05


A noite mais violenta do ano na Grande São Paulo deixou ao menos 20 pessoas mortas e nove feridas em Osasco e Barueri, em um intervalo de aproximadamente duas horas e meia, na noite desta quinta-feira (13).

O governador Geraldo Alckmin (PSDB) cancelou sua agenda e marcou uma reunião de emergência com o secretário da Segurança Pública, Alexandre de Moraes, que deve se pronunciar sobre o caso, em entrevista coletiva, a partir das 11h.

A série de ataques acontece uma semana depois que um policial militar foi morto enquanto abastecia seu carro em posto de gasolina em Osasco (Grande SP). O crime ocorreu no dia 7 de agosto.

De acordo com a PM, Adenilson Pereira de Oliveira abastecia o carro em um posto na avenida dos Autonomistas, quando um grupo de criminosos anunciou o roubo. A polícia informou que o policial tentou impedir o assalto e houve confronto.

Oliveira foi baleado e encaminhado para o Hospital Regional de Osasco, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Segundo a polícia, os criminosos fugiram levando a arma de Oliveira.

Na maioria dos casos as ações foram semelhantes. Homens encapuzados estacionaram um carro, desembarcaram e dispararam vários tiros contra as vítimas. Em alguns locais dos crimes, testemunhas disseram que os assassinos perguntaram por antecedentes criminais, o que definia vida ou morte das pessoas.

OSASCO

Uma chacina deixou dez mortos em um bar na rua Antônio Benedito Ferreira, no bairro Munhoz Junior, em Osasco, por volta das 20h30. Quatro das vítimas morreram no local e outras seis no Hospital Jardim Mutinga.

Por volta da 1h30 desta sexta (14), vários moradores da região ainda olhavam assustados a cena do crime. Um homem, que não quis se identificar, disse que uma das vítimas trabalhava como auxiliar de caldeira e costumava parar no bar para tomar um conhaque antes de ir para casa. Outra moradora falou que um dos baleados morreu sentado na cadeira do lado de fora do bar.

Um dos peritos da Polícia Civil disse espantado: "nunca vi uma noite com tantos mortos em São Paulo". Várias equipes trabalharam durante toda a madrugada na investigação.

No Jardim Elvira, um jovem foi morto em frente a uma sorveteria na rua Professor Sud Menucci.

A pouco mais de 5 km, o técnico de celulares Jorge Henrique Lopes Ferreira, 31, chorava a morte do único irmão. Davidson Lopes Ferreira, 26, foi encontrado morto com mais de dez tiros na rua Vitantônio D'Abril, na Vila Menck.

Segundo Ferreira, um amigo que acompanhava Davidson disse que foi conversar com uma pessoa quando ouviu o barulho de tiros. Em seguida, viu o amigo baleado e suspeitos fugindo em uma moto.

Ferreira lembra com tristeza que esta é a segunda vez que um parente é assassinado. "Quando eu tinha 13 anos meu pai também foi morto. Aí eu passei a cuidar do meu irmão, a gente morava no mesmo quintal", falou.

Outros ataques na cidade ocorreram nas ruas Cuiabá (1 morto), Moacir Salles D'Ávila (1 morto e 3 feridos), Astor Palamin (2 mortos e 2 feridos) e Euríco da Cruz (1 morto). Na rua Suzano duas pessoas ficaram feridas.

BARUERI

Em Barueri, duas pessoas foram mortas a tiros dentro de um bar na rua Irene, no Parque dos Camargos. O dono do bar disse que cerca de dez pessoas estavam no local quando quatro homens, com toucas ninjas, desembarcaram de um carro.

Os assassinos perguntaram quem tinha passagem pela polícia e atiraram em duas pessoas. O restante dos clientes fugiu do local. O bar possui câmeras de segurança e as imagens serão entregues à Polícia Civil para tentar identificar os assassinos.

Outro homem foi assassinado na rua Carlos Lacerda, na Vila Engenho Novo. Testemunhas disseram à Guarda Civil Municipal de Barueri que ocupantes de um carro preto dispararam vários tiros contra a vítima.

Segundo a GCM, após o homem cair no chão os assassinos desembarcaram do carro e foram se certificar se ele estava morto.

Todos os feridos foram levados pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) a vários hospitais da região. Os mortos serão levados ao IML (Instituto Médico Legal de Osasco). A Polícia Civil ainda não confirma se os casos têm ligação.

Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública, o município de Barueri teve redução de 36,4% tanto no número de casos de homicídio doloso quanto no número de vítimas em homicídio doloso de janeiro a junho deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado: foram 7 casos este ano ante 11 em 2014.

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