A região do município de Mariana (MG), onde duas barragens da mineradora Samarco romperam na tarde dessa quinta-feira (5), registrou cerca de dez abalos sísmicos, segundo o Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB). Dois deles puderam ser sentidos, já os demais eram de menor magnitude.
Para o professor do observatório, George Sand França, não há informações que comprovem a ligação entre os abalos e as causas do rompimento das barragens. “É uma região que tem atividade sísmica”, disse, explicando que aspectos como detonações para extração de minérios ou eventos naturais podem causar os abalos.
Na tarde de ontem (5), o observatório da UnB registrou os dois abalos principais: o primeiro às 14h02, com magnitude 2,5 graus na Escala Richter, e o segundo às 14h03, com 2,7 graus de magnitude. Os outros abalos próximos à região tiveram magnitude inferior aos 2,5, segundo o professor.
O Corpo de Bombeiros registrou uma pessoa morta e quatro feridas - dois adultos e duas crianças - no estouro das barragens. A corporação segue em busca de feridos e, desde a madrugada, resgata pessoas que passam por um "processo de descontaminação por ferro" e estão "sendo encaminhadas para recurso hospitalar".
REGULAR
o Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Minas Gerais (Sisema) informou nesta sexta (6) que a Barragem do Fundão estava regular e foi inspecionada por um auditor especialista em segurança de barragens. “De acordo com o programa de auditoria de segurança de barragem da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), a Barragem do Fundão estava com estabilidade garantida pelo auditor. O último relatório foi apresentado em setembro de 2015”, informou o Sisema.
A Samarco teve a licença de operação concedida em 29 de outubro de 2013, com validade até 29 de outubro de 2019.
O Sisema – composto pela Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), Instituto Estadual de Florestas (IEF), Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e Fundação Estadual de Meio Ambiente – informou, no entanto, que para garantir a estabilidade é necessário que a empresa se responsabilize pela manutenção contínua da segurança. “Uma das exigências da Feam é que a auditoria seja realizada por um auditor especialista em segurança de barragem, que não pertença aos quadros da empresa, no caso, a Samarco S.A.”
Procurada pela Agência Brasil, a Samarco ainda não deu infomações sobre a manutenção no local. Ontem (6), a empresa divulgou nota informando que não era possível ainda saber as causas do rompimento e que a prioridade era o atendimento às vítimas. “A organização está mobilizando todos os esforços para priorizar o atendimento às pessoas e a mitigação de danos ao meio ambiente", diz a nota de ontem.
As barragens do Fundão e de Santarém, pertencentes à empresa, romperam ontem por volta das 16h30 e inundaram a região com lama, rejeitos sólidos e água usados no processo de mineração. Barragens como as que se romperam em Minas são feitas para reter os resíduos sólidos e água dos processos de mineração. O rejeito é material que deve ser armazenado para proteção do meio ambiente.
Várias casas do distrito de Bento Rodrigues, zona rural a 23 quilômetros de Mariana, foram alagadas e há riscos de desmoronamentos. Ainda não é possível confirmar as causas e a extensão do ocorrido. O Ministério Público de Minas Gerais instaurou inquérito para investigar as causas do acidente e responsabilidades no caso.