O caminhoneiro Fábio Luís Roque, uma das lideranças do Comando Nacional do Transporte (CNT), reforçou nesta segunda-feira (9) que o grupo não pretende estabelecer nenhum tipo de diálogo com o governo federal para levar reivindicações dos transportadores autônomos a Brasília. "Não queremos contato", disse ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
O CNT está organizando a paralisação iniciada nesta segunda-feira em várias regiões do Brasil. Diferente de mobilizações anteriores da categoria, desta vez o objetivo principal do movimento é provocar a saída da presidente Dilma Rousseff. "A pauta dos caminhoneiros existe, mas não é negociada com este governo podre, que já sinalizou que não vai atender (aos pedidos da classe) e aumentou o óleo diesel duas vezes este ano", falou. Tradicionalmente, os caminhoneiros defendem, entre outras coisas, o tabelamento dos preços do frete, a redução do valor do diesel e a melhoria das condições das estradas.
Roque é caminhoneiro da cidade de Santa Rosa, no noroeste do Rio Grande do Sul. Segundo ele, a paralisação é por tempo indeterminado e não tem volta. "Ou ela (Dilma) renuncia ou vai para o impeachment. Daí sim, quando o governo que está agora sair, vamos começar a tratar da nossa pauta", afirmou.
A declaração de Roque coincide com o discurso da principal liderança do CNT, o caminhoneiro Ivar Schmidt, de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Em mensagens postadas no Facebook, ele deixa claro que a principal reivindicação deste protesto é a saída da presidente Dilma. "Os caminhoneiros acordaram e vão acordar o País também. Não estamos mais fazendo paralisação por nós, agora é pelo Brasil", diz, em um dos vídeos disponíveis na página do movimento na rede social.
O CNT garante que não haverá interrupção no trânsito de ração animal, de cargas vivas (porcos, frangos e bois) e de leite a granel, bem como de remédios, oxigênio e alimentos para hospital
Bloqueios
Três trechos de rodovias estão bloqueados em Santa Catarina por causa da greve de caminhoneiros. O km 122,8 da BR-280, em São Bento do Sul; o km 21 da SC-486, que liga Brusque a Itajaí; e diversos pontos de rodovias que cruzam Campos Novos, no meio oeste. Até o momento, porém, o CNT não divulgou o número de caminhoneiros que aderiram à greve no Estado.
Trata-se da terceira manifestação neste ano. Em fevereiro, a paralisação em Santa Catarina durou um mês. Os prejuízos apenas no setor leiteiro ultrapassaram os R$ 20 milhões. Já em março, a greve teve baixa adesão.
O protesto, iniciado nesta madrugada, tem cunho exclusivamente político também em Santa Catarina. Os manifestantes pedem a saída da presidente Dilma Rousseff, assim como a de Eduardo Cunha, presidente da Câmara, e de Renan Calheiros, presidente do Senado. De acordo com o CNT, há dez reivindicações na pauta grevista, mas todas dependem da aprovação presidencial e legislativa. Entre os pontos mais urgentes estão a redução do preço do diesel, a criação de uma tabela com valor mínimo de frete, aposentadoria com 25 anos de contribuição e anulação das multas relativas à greve de fevereiro.
A greve dos caminhoneiros afeta também vários trechos de estradas em Minas Gerais. Em João Monlevade (MG), a Rodovia Fernão Dias, BR-381, foi fechada no km 359 por volta das 0h30, segundo a Polícia Rodoviária Federal. Pela manhã, porém, o trânsito já fluía de forma parcial.
Também foi fechado na madrugada o km 507 da BR-040, em Ribeirão das Neves (MG). No local, moradores do entorno aproveitaram para reivindicar a construção de uma passarela. No início da tarde, porém, o bloqueio já havia sido desfeito. Também na BR-040, mas em Barbacena (MG), no km 714, a rodovia chegou a ser fechada pelos caminhoneiros e já foi liberada.
Outros protestos de caminhoneiros no Estado são registrados na BR-262, em Igaratinga, e em Conselheiro Lafaiete, onde o bloqueio da pista é parcial.