Manifestantes pró-intervenção militar são detidos em frente ao Congresso

Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, houve disparos de arma de fogo por dois policiais civis
Da Folhapress
Publicado em 18/11/2015 às 19:07
Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, houve disparos de arma de fogo por dois policiais civis Foto: Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil


Manifestantes foram presos em frente ao Congresso Nacional na tarde desta quarta-feira (18) após confronto com o grupo que participava da Marcha das Mulheres Negras.

Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, houve disparos de arma de fogo por dois policiais civis, um deles reformado, do Maranhão, e outro, do DF. Ambos foram encaminhados à Corregedoria da Polícia Civil do DF.

O primeiro deles, Marcelo Tadeu, do Maranhão, já havia sido detido na última quinta (12), com uma arma e outros objetos que poderiam ser usados como armas brancas em seu veículo.

Após prestar esclarecimentos, ele foi liberado. Tadeu está acampado no gramado próximo ao Congresso, na altura do Ministério da Justiça, e integra o movimento dos intervencionistas.

Ainda não há detalhes sobre o outro preso. Segundo a PM, ele disparou três tiros próximo ao espelho d'água do Congresso, deixou a arma cair e foi detido.

A confusão começou quando a Marcha das Mulheres Negras passava em frente ao Congresso e, segundo relatos, o grupo dos intervencionistas teria iniciado uma série de ataques racistas contra as manifestantes.

Tadeu sacou a arma e teria dado tiros para cima. A polícia entrou em cena. Houve empurra-empurra, e a PM chegou a usar gás de pimenta e tiros de borracha para controlar a confusão.

Ainda em meio à confusão, que acabou se espalhando pelo gramado do Congresso, houve brigas. Foi quando ocorreu o segundo tiro, dessa vez do policial civil do DF.

A senadora Fátima Bezerra (PT-RN) gravava um vídeo sobre a marcha no momento da confusão, e nele é possível ouvir disparos.

Enquanto ocorria a confusão do lado de fora, deputados e senadores davam continuidade à sessão conjunta para votar os vetos da presidente Dilma Rousseff à chamada pauta-bomba.

Com os apelos dos parlamentares, que souberam do que ocorria no gramado, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), determinou que a Polícia Federal e a Polícia Militar do Distrito Federal investiguem a existência de armas ou materiais perigosos no acampamento instalado no gramado em frente ao Congresso.

Diante da pressão, Renan voltou a dizer que não deu aval para a instalação do MBL (Movimento Brasil Livre) e outros grupos pró-impeachment, que estão acampados em frente ao Congresso há um mês.

Um ato conjunto, de 2001, das Mesas Diretoras da Câmara e do Senado, proíbe qualquer tipo de construção no gramado em frente ao Congresso. As barracas, no entanto, foram montadas no final de outubro após o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ter autorizado unilateralmente.

"Nós não concordamos com a ocupação", disse Renan. Ele, no entanto, afirmou que não pode determinar a saída dos manifestantes sozinho e disse que procurará Cunha mais uma vez para decidir pela desocupação. O presidente do Senado já afirmou em outras ocasiões que tomaria uma providência.

Ao fim da tarde, Cunha lamentou o episódio, mas disse que ainda tinha que tomar conhecimento do que realmente ocorreu para depois decidir se retira os manifestantes do gramado.

"Sem ter elementos, não tenho condições de falar. Autorizei a permanência deles dentro de determinadas condições. Claro que não concordo com todos esses confrontos que estão acontecendo. Mas sempre, em certo momento, tem gente infiltrada. Tem de tudo aqui a todo momento. Independente de estar acampado ou não, pode acontecer. Esse episódio de hoje é estranho", avaliou.

BOLETIM DE OCORRÊNCIA

Em encontro com a presidente Dilma Rousseff, a educadora Iêda Leal, uma das organizadoras da Marcha Nacional das Mulheres Negras, anunciou que o movimento social decidiu abrir um boletim de ocorrência pelo crime de racismo contra os autores dos disparos.

Segundo ela, a organização do grupo não admitirá qualquer episódio de violência e tomará as medidas judiciais cabíveis para evitá-las. "Nós chamamos isso de racismo e racismo é crime. Nós queremos que as pessoas que cometeram o crime sejam punidas", afirmou.

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