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Músicas de conotação sexual fazem parte da cultura do estupro

Uma cultura que vem se perpetuando desde da década de 1930, independente do gênero musical

JC Online
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Publicado em 27/05/2016 às 19:40
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Uma cultura que vem se perpetuando desde da década de 1930, independente do gênero musical - FOTO: Foto: Reprodução Youtube
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O caso da jovem carioca, de 16 anos, que foi estuprada por mais de 30 homens chocou o mundo inteiro e trouxe à tona a prova de que nossa sociedade ainda cultiva a cultura do estupro. Uma cultura que está em todos os lugares, inclusive nas músicas. E isso não é algo da atualidade. É algo que vem se perpetuando desde da década de 1930, independente do gênero musical.

Você já parou para refletir sobre as músicas que escuta? Já reparou que muitas delas, por exemplo, fazem apologia ao sexo e à violência contra mulher, mesmo que indiretamente? Será que a novinha realmente "quer pau"? Será que ela "quer gagau"? Diversos exemplos expõem a falta de respeito com as mulheres e a colocam como objeto uso e desejo.

Para a educadora sexual e jornalista Julieta Jacob, a linguagem é muito poderosa e as letras de determinadas músicas reproduzem uma sociedade que tem valores como estes, que põem a mulher como objeto. "As letras das músicas representam um sistema que se retroalimenta. Quando você produz uma música que transmite a violência, você acaba por reproduzir esse sentimento", explicou. "Infelizmente, esse tipo de música já se tornou natural em nossa sociedade. Ela vem sendo consumida por todos os setores, de crianças a adultos", completou.

Para o jornalista e crítico de música do Jornal do Commercio, José Telles, alguns artistas perderam a noção quando criam letras que incentivam a violência. "As músicas influenciam muito no comportamento das pessoas. Se você tomar como exemplo um show de MPB, você não vê uma briga. Mas, se você for a um show no qual o cantor incentiva você a beber até cair, você vai ver um monte de gente bebendo e consequentemente brigando, entende?", falou.

Para a delegada Gleide Ângelo, a produção de músicas que tenham letras de incentivo à violência também podem ser enquadradas como crime. "Qualquer letra que faça apologia ao crime deve ser considerada como tal. Você não pode fazer uma letra, independente do estilo musical, que incentive as pessoas a cometerem um crime", disse. "Você está em uma festa, onde as pessoas estão bebendo e aí vem uma música que incentive você a cometer um tipo de violência. Esse tipo de música acaba induzindo as pessoas a cometerem aquilo que a letra está falando", completou.

DISQUE 180 - Para denunciar casos de violência sexual, as vítimas devem ligar 180. O serviço funciona diariamente, 24h por dia, inclusive nos finais de semana e feriados. A identidade do denunciante é mantida em absoluto sigilo. A Central de Atendimento à Mulher funciona como disque-denúncia da Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM). O Ligue 180 trabalha de forma conjunta com a rede de atendimento do Brasil, formada por serviços municipais e estaduais e também serve para receber instruções. 

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