Menino de 11 anos morto por guarda civil é velado em São Paulo

Após perseguição, um guarda atirou contra o veículo onde estava o garoto
ABr
Publicado em 27/06/2016 às 13:05
Após perseguição, um guarda atirou contra o veículo onde estava o garoto Foto: Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil


Waldik Gabriel Silva, de 11 anos, morto por um agente da Guarda Civil Metropolitana está sendo velado desde as 9h45 desta segunda-feira (27) no cemitério Vila Formosa, zona leste da capital paulista. O menino, que foi baleado sábado (25) à noite, após perseguição policial, será sepultado às 16h.

Segundo a versão policial, os guardas foram avisados por motoqueiros, que não se identificaram, de que teriam sido roubados por ocupantes de um Chevette prata. Após perseguição, os suspeitos atiraram contra a viatura. O guarda Caio Muratori revidou, atingindo o menino Waldik, que estava no banco traseiro do carro.

De acordo com o boletim de ocorrência, o condutor do veículo e outro homem fugiram a pé, abandonando Waldik dentro do carro, na Rua Regresso Feliz, número 131, Cidade Tiradentes. Uma testemunha, um policial militar aposentado, presenciou os fatos e disse ter permanecido na rua para preservar o local.

A mãe de Waldik informou aos policiais que o filho “começou a dar trabalho” há um ano, por andar com pessoas de “caráter duvidoso”. Ela, porém, não sabia do envolvimento do filho em ocorrências policiais.

Perícia

Uma equipe pericial constatou, no carro usado pelos suspeitos, que havia apenas uma marca de tiro, aquela efetuada pelo guarda Caio Muratori, que matou o garoto. Os vidros do veículo estavam fechados, o que deixa dúvidas quanto à possibilidade de revide pelos acusados. Nenhuma arma foi encontrada. O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) como homicídio culposo, quando não há intenção de matar.

Para o advogado Ariel de Castro Alves, do Conselho Estadual de Direitos Humanos, que atua no caso, a hipótese de homicídio doloso, em que há intenção de matar, deve ser considerada. “Nenhum tiro atingiu a lataria ou os pneus do carro. E, sim, o tiro foi efetuado em direção à cabeça das pessoas que estavam sendo perseguidas, atingindo a criança de 11 anos”, declarou.

Ariel disse ter encontrado várias contradições. “Sequer existe comprovação de que os ocupantes do Chevette estavam efetivamente cometendo crimes. Na prática, mais uma criança foi assassinada por agentes do estado. Agora, por guardas municipais”.

Em nota, a prefeitura de São Paulo, à qual a Guarda Civil Municipal é subordinada, informou que, assim que soube dos fatos, ordenou apuração rigorosa e afastamento dos agentes envolvidos até que se esclareçam os fatos. A Secretaria da Segurança Pública não se manifestou.

Outro caso

No dia 2 de junho, o menino Ítalo Ferreira de Jesus Siqueira, de 10 anos, também foi morto por policiais militares. Ítalo e um amigo haviam furtado um carro na garagem de condomínio no bairro Morumbi. Os policiais perceberam o furto e saíram em perseguição ao veículo, um Daihatsu Terios. Ítalo foi baleado pelos PMs e morreu no local.

Segundo versão da PM, Ítalo efetuou três disparos contra os policiais com uma arma calibre 38. A Corregedoria apura a conduta dos policiais, pois o menino sobrevivente disse que não houve confronto com a polícia. Além disso, não foram encontradas marcas dos tiros que teriam sido efetuados pelo garoto. Segundo a PM, Ítalo fez os disparos com o vidro abaixado e fechou a janela antes de ser baleado.

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