A declaração de bens entregue à Justiça Eleitoral pela candidata do PMDB à Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy, omite parte de seu patrimônio. Uma empresa que vale R$ 6,3 milhões, segundo os registros da Junta Comercial, aparece na lista de bens da senadora peemedebista com valor de R$ 49,5 mil.
Trata-se da empresa Salamina Participações Ltda. Em 2010, quando Marta concorreu ao Senado, a empresa constava em sua relação de bens com outra razão social e atividade econômica: Salamina Consultoria Estratégica e Empresarial. O valor declarado na época, porém, era o mesmo de agora: R$ 49,5 mil.
Documentos da Junta Comercial, no entanto, mostram que houve uma alteração de capital em 2011, quando a parte de Marta passou a valer R$ $ 6.342.400. Os demais sócios - os filhos e seu ex-marido Eduardo Suplicy - contam com participação apenas simbólica, de R$ 200 cada um.
Em 2011, quando houve aumento de capital na Junta Comercial, a empresa passou a ser proprietária de três imóveis que até então estavam registrados em nome de Marta: um apartamento no bairro de Moema, a garagem deste mesmo imóvel e um flat na Rua da Consolação.
Dois desses imóveis - o apartamento e o flat - apareciam na declaração que a candidata apresentou em 2010 com valor somado de R$ 403 mil. Segundo a Prefeitura de São Paulo, porém, seu valor venal atual é de R$ 794 mil. A garagem, por sua vez, está avaliada em mais R$ 46 mil. Ou seja, o valor conjunto dos três imóveis é de R$ 840 mil, segundo a Prefeitura - o valor de mercado costuma ser superior ao venal, que serve apenas como referência para a cobrança de Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU).
Esses três imóveis, ao ficar sob o "guarda-chuva" da empresa Salamina, deixaram de constar na declaração de Imposto de Renda Pessoa Física de Marta. Eles também não aparecem na lista de bens que a candidata do PMDB entregou nesta semana à Justiça Eleitoral, embora, na prática, ainda sejam de propriedade dela. No cadastro do IPTU, todos ainda estão em nome da peemedebista.
No total, a candidata declarou à Justiça Eleitoral ter bens no valor total de R$ 13,3 milhões - o segundo maior patrimônio entre os candidatos a prefeito da cidade que já registraram seus dados.
Marta, assim como seus concorrentes, declarou seus bens com o valor da época da compra, e não o atualizado. Essa prática é permitida pela Justiça Eleitoral, mas acaba afetando a transparência das eleições - quase nunca o patrimônio declarado corresponde ao real.
Segundo a assessoria de imprensa da candidata, as divergências entre a declaração de bens e a base do IPTU são de responsabilidade da Prefeitura. A assessoria não se pronunciou até a conclusão desta edição sobre a divergência de valores da empresa Salamina na lista de bens e na Junta Comercial.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.