O comandante da 1ª Divisão do Exército, general Mauro Sinott, disse que o Exército chegará na tarde desta sexta-feira (23) à comunidade da Rocinha, no Rio de Janeiro, para fazer o cerco a criminosos. Segundo o general, as Forças Armadas ajudarão também no controle do trânsito das ruas do entorno e no tráfego aéreo sobre o morro da zona sul da cidade do Rio de Janeiro. O ministro da Defesa, Raul Jungmann, anunciou que 950 militares vão fazer o cerco à área. Mais cedo, em entrevista coletiva, Jungmann havia anunciado 700 militares para a operação.
“[Vamos atuar] a fim de liberar os contingentes de polícia para ações mais específicas de polícia”, disse o general.
O pedido para que o Exército participasse das operações na Rocinha foi feito pelo governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão. A comunidade é alvo de operações diárias da Polícia Militar desde o último domingo (17), quando houve confrontos entre grupos criminosos rivais pelo controle de pontos de venda da comunidade.
Na manhã desta sexta (22), houve um tiroteio intenso entre policiais e criminosos, que provocou o fechamento da Auto-Estrada Lagoa-Barra, que liga o bairro de São Conrado à Gávea. Cinco escolas e três unidades de educação infantil da prefeitura fecharam as portas, deixando quase 2.500 alunos sem aulas.
Esse é o quinto dia de ocupação da Polícia Militar à favela. No confronto, ninguém ficou ferido, mas por medida de segurança, a Auto-Estrada Lagoa-Barra foi fechada ao tráfego nos dois sentidos, desde as 10h15.
A Avenida Niemeyer que liga o bairro de São Conrado à Barra da Tijuca está com tráfego liberado, mas a Polícia Militar pede aos motoristas que evitem à estrada, porque homens do Batalhão de Choque da PM fazem ação também na Favela do Vidigal, que fica ao lado e também é comandada pela mesma facção criminosa, que controla o tráfico de drogas na Rocinha.
Ainda pela manhã, por volta das 10h, criminosos atacaram à base da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), na Rua Dois, e um morador ficou ferido e foi levado para o Hospital Miguel Couto, na Gávea.
Meia hora depois, outro grupo de traficantes atirou uma granada contra policiais que estavam em uma viatura na saída do Túnel Zuzu Angel, sentido Lagoa-São Conrado. O artefato não explodiu e os criminosos fugiram. O Esquadrão Antibombas da Polícia Civil foi acionado e desativou o explosivo. De acordo com os técnicos da Polícia Civil, a granada era de grande poder explosivo.
Devido à ação da polícia na Rocinha, duas clínicas da Família, um centro de saúde, além de Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) e um centro assistencial da prefeitura foram fechados, por medida de segurança.
Localizada nos arredores da Rocinha, a Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) suspendeu as aulas no período da tarde e da noite desta sexta (22).
Em nota publicada em sua página na internet, a universidade afirma que a decisão foi tomada devido "ao intenso tiroteio na Rocinha e ao fechamento de vias públicas".
Funcionários técnico-administrativos foram liberados de suas atividades para voltar para casa, "caso considerem conveniente para sua segurança".