A população das nove comunidades do Rio Unini, no Amazonas, vive dias de tristeza e preocupação. Uma criança e um adolescente morreram vítimas de raiva humana, possivelmente transmitida por morcegos. Outro adolescente da mesma família está internado em coma induzido com o mesmo diagnóstico.
O tio dos três, Jair Gomes Pereira, atribui o aumento dos ataques de morcego à falta de luz na comunidade e pede que o Poder Público garanta energia elétrica para a região. Ele explica que, para se livrar do morcego, basta acender a luz. "Lá nessa comunidade, o motor de luz deles está quebrado , desde julho,. Foi a época em que o morcego mais atacou. Ele ataca no escuro. A luz de lamparina não funciona porque o próprio morcego apaga a lamparina. Ele dá voos rasantes e apaga.”
Uma força-tarefa atua na região do Rio Unini desde o final de novembro. O chefe do Departamento de Vigilância Ambiental, Cristiano Fernandes, não descarta a possibilidade de que a falta de luz tenha contribuído para o aumento dos ataques de morcego. Um inquérito apura o caso e também aponta para problemas como seca prolongada e focos de calor provocados por incêndios e queimadas.
Isso contribui para o deslocamento de animais e abre a possibilidade de deslocamento de colônias de morcegos, que se aproximam de outras áreas ocupadas por comunidades ribeirinhas e extrativistas, explica Fernandes.
O último levantamento da Secretaria de Saúde do Amazonas identificou na área do Rio Unini 624 moradores, dos quais 367 foram atacados por morcegos nos últimos meses, e a sorovacinação já teve início na fegião. Também farão o esquema de pré-exposição preventiva 257 pessoas que não relataram ter sido agredidas por morcegos .
Com relação à falta de luz nas comunidades do Rio Unini, a reportagem da Rádio Nacional procurou o Ministério de Minas e Energia e a prefeitura de Barcelos, no Amazonas, para obter mais informações, mas não recebeu o retorno até o fechamento desta edição.