O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, voltou a defender a federalização das investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Em resposta ao ofício enviado pelo procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, José Eduardo Gussem, o ministro insistiu que a Polícia Federal assuma a frente do caso, mas disse que para isso há a necessidade de consentimento do Ministério Público do Rio de Janeiro.
Em ofício encaminhado ao procurador, Raul Jungmann afirma que a PF é uma "das mais eficientes e competentes polícias do mundo" e que a corporação "sempre esteve" e vai continuar à disposição, caso o procurador mude de ideia, para colaborar com a apuração dos responsáveis pela execução da vereadora e do motorista. Ele disse que atualmente o órgão colabora somente no repasse eventual de informações de inteligência à Polícia Civil, e "nada mais" foi "solicitado ou informado" às autoridades federais sobre o rumo da investigação.
Há exatos cinco meses, Marielle e Anderson foram mortos a tiros após serem perseguidos por outros dois veículos no bairro do Estácio, zona norte do Rio. Com a demora na solução, o ministro disse que a PF estava "pronta" para assumir o caso.
A medida foi questionada pelo procurador. Em ofício encaminhado ontem (13) ao ministério da Segurança, o procurador afirmou que transferir a competência para a PF caberia ao interventor federal. Já o secretário de Estado de Segurança do Rio de Janeiro, general Richard Nunes, defendeu o trabalho que tem sido feito pela delegacia de homicídios da capital.
Na resposta a Gussem, Jungmann diz que a intervenção federal na área da segurança, decretada em fevereiro pelo presidente Michel Temer, ocorre somente no âmbito do Poder Executivo, sem relação com as atividades de polícia judiciária. "Não tendo havido o deslocamento de competência pela via constitucional, tal movimento demandaria, evidentemente, o acordo dos órgãos estaduais, inclusive o MPRJ, não se tratando, por óbvio, de questão a ser resolvida exclusivamente no âmbito da intervenção", escreveu.
Por meio de nota à imprensa, Jungmann afirma ter recebido o ofício do procurador-geral do Rio "como uma reafirmação contra a federalização" do caso. O ministro disse, mais uma vez, que a PF e a estrutura do ministério "seguem à disposição caso haja mudança de entendimento".
"Agradeço o contato e manifesto ciência do posicionamento desta instituição, uma vez mais, pela desnecessidade de federalização das investigações e de contar com a Polícia Federal - uma das mais eficientes e competentes polícias do mundo, tanto na esfera judicial quanto naquela da apuração e investigação do supracitado caso Marielle", diz.