Apesar do governo cubano anunciar que está rompendo o acordo com o governo brasileiro relativo ao programa Mais Médicos, assinado em 2013, fontes diplomáticas brasileiras ouvidas pela AFP afirmam que ao menos dois mil médicos do país caribenho podem permanecer em território nacional.
As fontes ouvidas pela agência afirmam que, por terem se envolvido em relacionamentos amorosos e constituído família no Brasil, é possível que alguns desses médicos optem por continuar aqui. Por terem familiares cidadãos, poderiam obter o visto de residência.
Atualmente, cerca de oito mil profissionais de Cuba atuam em hospitais brasileiros, sobretudo de cidades do interior com escassez de profissionais. Desses, 196 retornaram nesta quinta (15), um dia após o comunicado do governo cubano, ao país de origem. Em Pernambuco, são 414 médicos de Cuba atuando nos mais diversos municípios. Ao todo, 20 mil já passaram pelo país.
Segundo a Agência Cubana de Notícias (ACN), oficial, os médicos chegaram "felizes por terem cumprido sua missão", mas também "preocupados com a sorte do povo brasileiro com o novo presidente eleito".
Para o presidente da Associação Médica Brasileira, Lincoln Lopes Ferreira, “não faltam médicos no Brasil. Falta uma política, um financiamento, uma estruturação adequada para que a medicina brasileira possa exercer em toda sua plenitude aquilo que ela e capaz de fazer, e e uma medicina de muito boa qualidade”.
O Mais Médicos foi implantado em 2013 pela presidente Dilma Rousseff (PT). Os cubanos correspondem a 45% das vagas dos Mais Médicos e atuam principalmente em pequenas cidades. O governo federal banca os salários dos médicos, no valor de R$ 11.865,00, e as prefeituras ficam responsáveis pela moradia e alimentação dos profissionais. Esse salário é pago pelo governo brasileiro à Opas (Organização Panamericana de Saúde), que repasse parte aos médicos cubanos. Profissionais brasileiros e de outras nacionalidades recebem o valor integral.