G20 tentará evitar uma nova recessão econômica

O pacote de medidas adotadas pela Eurozona para tentar resolver a crise da dívida e o temor de uma nova recessão econômica mundial centrarão os trabalhos dos chefes de Estado e de Governo do G20, que se reúnem na quinta (3) e sexta-feira (4) em Cannes (sul da França).

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) exigiu nesta segunda-feira (31) que o G20 (grupo das vinte economias desenvolvidas e emergentes mais poderosas do planeta - responsáveis por 85% do PIB mundial) adote "prioritariamente" nesta reunião "medidas enérgicas" para restabelecer a confiança.

"A debilidade atual (da economia) se deve em grande parte à perda generalizada da confiança na capacidade dos responsáveis em oferecer respostas apropriadas" para recuperar uma situação "orçamentária sustentável", diz a OCDE, em referência à crise da dívida na Eurozona e nos Estados Unidos.

"A reunião de Cannes possui a tarefa de dimensionar novamente o G20, tomando decisões relevantes e efetivas que vão além da retórica de outras reuniões", diz o professor de Economia Aplicada na Universidade de Vigo, Gonzalo Caballero Miguez. A Europa chega a Cannes com um pacote de medidas adotado na quinta-feira passada em Bruxelas para tentar resolver uma crise da dívida, que dura já dois anos, e para tentar evitar uma recessão da economia mundial.

Entre as medidas estão o perdão de 50% da dívida grega em mãos de bancos e fundos, a recapitalização dos bancos em dificuldades pelas perdas e a ampliação da capacidade do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) a um bilhão de euros, para evitar o contágio a outros países da Eurozona, como Itália e Espanha. Apesar de não estar muito definido o funcionamento deste fundo de resgate, os europeus esperam que países emergentes como Brasil e China possam contribuir com o mesmo.

Em meio às discussões poíticas, milhares de manifestantes se reuniram em Niza (vizinha de Cannes) nesta segunda-feira para proclamar que outro mundo é possível, escoltados por um exército de policiais. A cidade de Cannes se prepara para a chegada da "maior reunião internacional celebrada na França", que deverá ter grande repercussão global. Deverão comparecer ao evento, realizado no Palácio de Festivais - sede do festival de cinema -, 8.500 representantes oficiais e jornalistas.