Israelenses e palestinos se enfrentam também por boicote

Boicotar os produtos israelenses também é uma forma de apoiar a economia palestina
Da AFP
Publicado em 19/08/2014 às 15:37


Israelenses e palestinos se enfrentam com mísseis e foguetes na Faixa de Gaza; mas na Cisjordânia os dois lados combatem com uma outra arma: o boicote.As vendas de produtos locais nunca foram tão altas na Cisjordânia ocupada, onde os mercadorias israelenses se acumulam nas prateleiras das lojas.

Em Israel, as lojas árabes estão desertas inclusive no sabbat, dia festivo para os judeus e quando os comerciantes árabes-israelenses prosperam.

A campanha BDS, em referência a "boicote, desinvestimento, sanções", foi lançada no exterior há vários anos, mas até pouco tempo ainda não havia chegado aos Territórios Palestinos.

"Com a guerra em Gaza, que deixou quase 2.000 mortos palestinos, a situação mudou", conta um dos membros fundadores do movimento nos Territórios, Omar Barghuti. "O boicote popular é quase inédito", diz.

Para mobilizar os palestinos foram feitos anúncios na televisão e convocações nas redes sociais e nas lojas da Cisjordânia. Vários ativistas colaram adesivos nos produtos israelenses com mensagens de "Boicote a Israel" ou "Para sua informação: ao comprar este produto, você entrega 16% do preço ao Exército israelense".

Leite palestino recupera cota de mercado

Boicotar os produtos israelenses também é uma forma de apoiar a economia palestina, prejudicada pelas restrições impostas pelo Estado hebreu, avalia Riad Hamed. "Devemos sensibilizar as pessoas sobre os danos que provocam à economia palestina quando compram produtos israelenses: desemprego elevado e economia devastada", explica.

O boicote a Israel já é sentido nas empresas palestinas, como a Pinar, uma fábrica de leite de Ramallah que teve que que reforçar sua equipe de funcionários e aumentar a jornada de trabalho para conseguir dar conta da maior demanda.

O diretor, Muntaser Bedarna, afirma que a produção cresceu entre 30 e 40%. Segundo ele, os produtores de leite palestinos atendem hoje entre 60 e 65% do mercado na Cisjordânia e em Gaza. "Antes do boicote, era Israel que controlava esses 60%", lembra o empresário.

Avi Nudelman, ex-chefe da Câmara de Comércio Israel-Palestina, considera que o boicote não terá efeito significativo na economia israelense. "Isto me lembra as convocações a boicotes durante a primeira Intifada. A ideia é muito romântica, mas levará muito tempo", considera. "O mercado palestino é uma parte muito pequena do mercado para Israel".

De acordo com o Instituto Israelense de Estatísticas, as exportações para a Autoridade Palestina representaram pouco mais de 6% do volume total de 12,9 bilhões de dólares no primeiro trimestre.

TAGS
Israel Palestinos
Veja também
últimas
Mais Lidas
Webstory