Europeus se reúnem para responder à Rússia por conflito na Ucrânia

Os ocidentais acusam a Rússia de ter enviado tropas regulares para apoiar os separatistas, o que explicaria sua eficaz contraofensiva dos últimos dias
Da AFP
Publicado em 30/08/2014 às 10:21


Os líderes da União Europeia (UE) se reúnem neste sábado em uma cúpula em Bruxelas para avaliar novas sanções contra a Rússia, convocada a parar com suas "ações militares ilegais" na Ucrânia, enquanto os insurgentes pró-russos continuam avançando no leste.

O líder separatista Alexei Mozgovoi afirmou neste sábado que os insurgentes controlam cerca de 50% do território das regiões de Donetsk e Lugansk.

Os ocidentais acusam a Rússia de ter enviado tropas regulares para apoiar os separatistas, o que explicaria sua eficaz contraofensiva dos últimos dias. Moscou nega estas alegações.

Neste contexto, o presidente ucraniano, Petro Poroshenko, comparecerá à abertura da cúpula europeia.

O chefe adjunto da administração presidencial ucraniana declarou na sexta-feira que Kiev espera "uma ação mais decisiva em favor da Ucrânia" e "sanções suplementares contra a Rússia".

Os 28 endureceram suas sanções contra Moscou no fim de julho, atingindo a economia russa, e podem fazer ainda mais para pressionar o presidente, Vladimir Putin.

"Demonstramos claramente que estão previstas novas sanções em caso de uma nova escalada", lembrou nesta semana a chanceler alemã, Angela Merkel.

O presidente em fim de mandato da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, advertiu Putin na sexta-feira por telefone que qualquer nova desestabilização na Ucrânia teria um custo elevado para a Rússia.

Já o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, condenou o que definiu como o "desprezo permanente da Rússia as suas obrigações internacionais". A Otan exigiu de Moscou o fim de suas "ações militares ilegais".

A Europa Oriental, região ainda mais receosa das ações de Moscou, foi mais longe: o presidente romeno, Traian Basescu, pediu à Otan e à UE que entreguem armas às autoridades de Kiev, e o chefe da diplomacia polonesa, Radoslaw Sikorski, classificou de guerra o conflito na Ucrânia.

Paralelamente, os europeus preveem nomear o sucessor do presidente do Conselho Europeu, o belga Herman Van Rompuy. O primeiro-ministro polonês, Donald Tusk, é o grande favorito, e sua designação forneceria mais peso à Polônia, que apoia abertamente a Ucrânia contra Moscou.

Troca de prisioneiros

Em terra, os rebeldes pró-russos afirmaram estar prestes a cercar o porto estratégico de Mariupol, de 460.000 habitantes, 100 km ao sul de seu reduto de Donetsk.

Em Donetsk, não ocorreram bombardeios ou confrontos durante a noite. Os disparos de artilharia foram retomados durante a manhã em vários bairros da cidade, anunciaram as autoridades locais.

O ministro ucraniano do Interior, Arsen Avakov, declarou que parte dos soldados cercados pelos insurgentes na localidade de Komsomolsk haviam saído do cerco, sem fornecer mais detalhes.

Em Ilovaisk, onde centenas de soldados estão cercados há mais de uma semana, o comandante de um batalhão de voluntários que lutam junto ao exército ucraniano, Semen Sementchenko, afirmou que um corredor havia sido negociado para permitir sua saída com a condição de deixar as armas pesadas aos insurgentes.

"Em alguns dias todos os soldados capturados e feridos serão trocados por paraquedistas russos em Kharkiv", território leal a Kiev, escreveu Sementchenko no Facebook. As autoridades ucranianas ainda não confirmaram estas informações.

Uma dezena de paraquedistas russos foram capturados no início da semana em território ucraniano, para onde se dirigiram acidentalmente, segundo Moscou.

Segundo um relatório da ONU publicado na sexta-feira, 2.593 pessoas já morreram desde meados de abril neste conflito.

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