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Finanças do Vaticano foram saneadas

Além de demitir e ordenar mudanças, Francisco defendeu uma igreja pobre e para os pobres

Mariana Mesquita
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Mariana Mesquita
Publicado em 21/12/2014 às 13:15
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Um dos pontos de partida para a “revolução franciscana” foi a devassa realizada no Instituto para as Obras de Religião (IOR), a controversa instituição financeira ligada ao Vaticano. Criado para gerir o dinheiro da Igreja e originalmente destinado a abrigar as contas de religiosos e funcionários da Santa Sé, o IOR estava envolvido em denúncias de ligação com a máfia italiana, corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes.

Apesar do desgaste na imagem da Igreja e do prejuízo inicial gerado pelas medidas, Francisco não vacilou em sanear o IOR, demitindo seus principais diretores. De acordo com o presidente do banco, o alemão Ernst von Freyberg (nomeado em fevereiro por Bento XVI, poucos dias antes de sua renúncia), enquanto em 2012 o lucro do IOR atingiu  86,6 milhões de euros, um relatório divulgado em julho passado apontou um rendimento de apenas  2,9 milhões. A estimativa é de que, se não houvessem ocorrido as mudanças, o valor teria sido algo em torno de  70 milhões. Freyberg, porém, defende a operação de limpeza, como sendo “um processo doloroso mas necessário, que abre as portas para um novo futuro”.

Operação de limpeza é "um processo doloroso mas necessário, que abre as portas para um novo futuro", diz o presidente do IOR

Cerca de 3 mil contas inativas ou em nome de pessoas que não correspondiam aos critérios da instituição foram suspensas, e outras 2 mil estão sob suspeita. O monsenhor Nunzio Scarano, administrador de Patrimônio da Santa Sé (mais conhecido pela alcunha de monsenhor 500, por carregar sempre nos bolsos notas em euros desse alto valor), foi preso por fraude e corrupção. De acordo com a polícia italiana, que investigava o IOR desde 2010, Scarano estava organizando o recebimento ilegal de 20 milhões provenientes de uma fraude fiscal, e que seriam remetidos ao Vaticano por um banco suíço. 

Embora a intenção de Francisco seja preservar o IOR, já que o Vaticano efetivamente precisa de uma instituição do gênero, ele alfinetou a atividade ao declarar que “São Pedro não tinha uma conta no banco” e defendeu uma Igreja pobre e para os pobres.

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