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Tolerância zero contra o abuso sexual infantil

Papa Francisco transforma combate à pedofilia em marca do pontificado

Mariana Mesquita
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Mariana Mesquita
Publicado em 21/12/2014 às 13:25
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Se ousa tomar posição a respeito de questões externas, o papa Francisco vem demonstrando também a coragem de “cortar a própria carne”, com atitudes enérgicas contra os crimes de pedofilia dentro da Igreja, há muito denunciados pela mídia e pela sociedade. O combate a esse tipo de crime vem se tornando uma das marcas do novo pontificado. Em setembro passado, Francisco ordenou a inédita prisão de um membro do alto escalão da Igreja, o ex-arcebispo e ex-embaixador da Santa Sé Jozef Wesolowski. As denúncias dizem respeito ao período em que o polonês de 66 anos foi núncio na República Dominicana, entre 2008 e 2013. 

Francisco ordenou a inédita prisão de um membro do alto escalão da Igreja, dentro do próprio Vaticano

A polícia do Vaticano vasculhou o laptop do religioso e encontrou mais de cem mil arquivos de pornografia infantil, entre fotos e vídeos catalogados de acordo com o gênero das crianças. O polonês tinha ligação com uma rede internacional de pedofilia, se comunicando regularmente com outros pedófilos. Pelo menos três vítimas relataram ter sido violentadas por Wesolowski, que foi destituído do cargo de arcebispo em junho e, por conta de problemas de saúde, está sendo mantido em prisão domiciliar.

Em entrevista ao jornal italiano La Reppublica, o pontífice declarou que o abuso sexual de crianças “infecta toda a Igreja”, e pediu que o problema seja confrontado “com toda a severidade que demanda”. Ele admitiu que cerca de 2% dos “padres, bispos e cardeais” católicos (ou seja, um em cada 50) seriam pedófilos, o que representaria cerca de 8 mil religiosos em todo o mundo. Ainda segundo o jornal, um número muito maior de clérigos fica em silêncio apesar de saber dos abusos, caracterizando uma “situação intolerável”.

Em 2013, Francisco endureceu as leis da Igreja acerca de abuso infantil e pediu perdão às vítimas. Até o momento, porém, o Vaticano não quantificou os casos de pedofilia cometidos por clérigos católicos, especialmente no que diz respeito às nações em desenvolvimento. 

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