Os membros do Conselho de Segurança da Organização da ONU votaram nesta segunda-feira (22) por passar por cima das objeções da China e incluir formalmente a situação na Coreia do Norte, incluindo alegações de graves violações dos direitos humanos, na agenda de discussões.
Leia Também
Foram 11 votos a favor, dois contra e duas abstenções. Rússia e China, que têm poderes de veto, votaram contra a inclusão da Coreia do Norte na agenda do conselho, mas como não há vetos em votos processuais do conselho, a tentativa chinesa para derrotar a medida fracassou.
A última vez que o conselho fez um procedimento de votação similar foi há quase uma década. Anteriormente, a discussão no conselho sobre a Coreia do Norte era limitada ao seu programa de armas nucleares, mas agora todos os aspectos da situação no país podem ser examinados pelo órgão formado por 15 nações.
A porta-voz chinesa reiterou nesta terça (23) a oposição de Pequim a que o Conselho de Segurança aborde a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte.
"Nos opomos a impor pressões sobre outros países com o pretexto de direitos humanos e não achamos que o Conselho de Segurança seja o lugar adequado para discutir esse assunto", disse a porta-voz do Ministério chinês de Relações Exteriores, Hua Chunying.
A Coreia do Norte já foi alvo de sanções internacionais, após ter realizado três testes nucleares e o lançamento de mísseis balísticos, mas esta é a primeira vez que o Conselho de Segurança se reúne para tratar especificamente do tema.
REUNIÃO - A Coreia do Norte foi alvo de uma enxurrada de críticas na reunião do Conselho de Segurança da ONU, na segunda-feira.
A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Samantha Power, liderou as acusações contra o regime comunista no poder em Pyongyang.
Com base em um relatório da ONU publicado em fevereiro passado, Power citou testemunhos de ex-prisioneiros de campos de trabalho norte-coreanos que relatam um sem-número de "atrocidades": presos obrigados a comer raízes, ou ratos, para sobreviver, sendo agredidos e submetidos a "castigos sádicos".
Coletados e reunidos por uma comissão de investigação da ONU, esses depoimentos "mostram que os norte-coreanos vivem um pesadelo", frisou Samantha.
O Conselho "deve falar regularmente dos direitos humanos na Coreia do Norte" depois dessa primeira reunião, e "enquanto esses crimes continuarem", defendeu a embaixadora dos EUA.
A representante americana recomendou que o Conselho "examine a recomendação" da Comissão e da Assembleia Geral da ONU de julgar, no Tribunal Penal Internacional, os crimes contra a humanidade que estariam sendo cometidos pela Coreia do Norte.
CIBERATAQUE - A embaixadora americana na ONU se referiu brevemente ao ataque cibernético à Sony Pictures, pelo qual Washington responsabiliza a Coreia do Norte. Pyongyang nega qualquer envolvimento no episódio.
"Não satisfeito com negar a liberdade de expressão a seus próprios cidadãos, o regime da Coreia do Norte agora parece estar decidido a impedir que nossa nação usufrua dessa liberdade fundamental", declarou.
O ciberataque contra a Sony Pictures, o maior desta natureza contra uma empresa americana, segundo o FBI, obrigou o estúdio a cancelar a estreia da comédia "A Entrevista", uma sátira sobre um complô fictício da CIA para assassinar o dirigente norte-coreano Kim Jong-un.