Em meio à complicada investigação da morte do procurador Alberto Nisman, o governo argentino teve uma ideia inusitada. O ministro de Relações Exteriores do país, Hector Timerman, divulgou nesta terça-feira (17) uma carta que enviou ao seu homólogo nos Estados Unidos, John Kerry, pedindo que a investigação do caso seja incluída nas negociações de um pacto nuclear entre Estados Unidos e Irã.
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"Eu lhe peço que a questão da Amia [nome do centro comunitário] seja incluída nas negociações com a República Islâmica do Irã", diz a carta.
De acordo com documentos redigidos pelo procurador dias antes de ser encontrado morto, Cristina teria aliviado acusações contra o Irã na investigação de um atentado à bomba em um centro comunitário judaico, em 1994, com o objetivo de fechar um acordo comercial trocando grãos argentinos por petróleo iraniano.
A morte de Nisman chocou a Argentina, a poucos meses de uma eleição presidencial em que Cristina não poderá concorrer e num ambiente econômico à beira da recessão.
Dia a dia, aumenta a pressão sobre Fernández para dar um jeito de se livrar do escândalo a tempo de ajudar na campanha de um possível sucessor. A eleição ocorre em outubro.
Washington, a 8.400 quilômetros de distância dos problemas políticos internos da Argentina, têm até agora concentrado as negociações no programa atômico do Irã, um assunto já bastante complexo por si.
Nesse contexto, é bastante difícil que os Estados Unidos ou outras potências que participam das negociações --Grã-Bretanha, China, França, Alemanha e Rússia-- aceitem incluir um ataque terrorista de 1994 em meio às negociações nucleares.
Na carta enviada a Kerry e em outra, enviada ao ministro das Relações Exteriores de Israel, Timerman declarou que a Argentina tinha "grande preocupação" com a possibilidade de outros países usarem a Argentina como teatro para seus conflitos.
Em condição de anonimato, uma autoridade do país disse que o governo argentino acredita que Nisman tenha sido influenciado por espiões norte-americanos e israelenses em sua investigação.