Crítica

Cuba critica sanções de Obama contra a Venezuela

Obama proibiu a entrada nos Estados Unidos e decretou o congelamento de bens e contas bancárias de sete funcionários e ex-funcionários de organizações policiais, militares e judiciais venezuelanos

Da AFP
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Publicado em 10/03/2015 às 13:34
Foto: MIGUEL ANGULO / PRESIDENCIA / AFP
Obama proibiu a entrada nos Estados Unidos e decretou o congelamento de bens e contas bancárias de sete funcionários e ex-funcionários de organizações policiais, militares e judiciais venezuelanos - FOTO: Foto: MIGUEL ANGULO / PRESIDENCIA / AFP
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Cuba classificou nesta terça-feira de arbitrária e agressiva a lei do presidente Barack Obama que aplica sanções a vários funcionários da Venezuela e declara o país uma ameaça para a segurança nacional dos Estados Unidos, em uma declaração publicada na imprensa estatal.

As declarações representam o primeiro atrito entre Cuba e os Estados Unidos desde sua reaproximação diplomática.

"Cuba tomou conhecimento da arbitrária e agressiva Ordem Executiva emitida pelo presidente dos Estados Unidos contra o Governo da República Bolivariana da Venezuela, que classifica o país como uma ameaça a sua segurança nacional, em represália pelas medidas adotadas em defesa de sua soberania frente aos atos de ingerência das autoridades governamentais e do Congresso americano", afirma o texto de Havana.

"O Governo Revolucionário da República de Cuba reitera novamente seu incondicional apoio e de nosso povo à Revolução Bolivariana, ao governo legítimo do presidente Nicolás Maduro Moros e ao heroico povo irmão da Venezuela", acrescenta o texto.

Obama implementou na segunda-feira uma série de sanções contra funcionários do governo venezuelano, qualificando a situação no país sul-americano de uma "ameaça à segurança nacional dos Estados Unidos".

Obama proibiu a entrada nos Estados Unidos e decretou o congelamento de bens e contas bancárias de sete funcionários e ex-funcionários de organizações policiais, militares e judiciais, inclusive o chefe de inteligência, Gustavo González.

A lista também inclui a promotora Katherine Haringhton e o diretor da polícia nacional, Manuel Pérez.

Caracas respondeu com a convocação para consultas de seu encarregado de negócios nos Estados Unidos, seu principal representante em Washington.

O presidente Maduro acusou, por sua vez, Obama de dar um passo "mais agressivo, injusto e nefasto" contra a Venezuela

"O presidente Barack Obama deu no dia de hoje o passo mais agressivo, injusto e nefasto já visto contra a Venezuela (...). Vocês não têm o direito de nos agredir e declarar a Venezuela uma ameaça ao povo dos Estados Unidos. A ameaça ao povo americano são vocês", disse Maduro em rede nacional.

Em um discurso de duas horas, Maduro afirmou que a ordem executiva de Obama "é um exagero, uma grosseria que reflete que nos Estados Unidos há muito desespero e impotência porque não podem entender a realidade revolucionária, bolivariana, socialista e chavista".

O comunicado de Cuba em defesa da Venezuela é o primeiro confronto público entre Havana e Washington desde que as duas nações decidiram, em 17 de dezembro, restabelecer suas relações rompidas durante meio século.

"Ninguém tem o direito de intervir nos assuntos internos de um Estado soberano nem declará-lo, sem fundamento algum, como ameaça a sua segurança nacional", acrescentou Cuba em relação a seu aliado político e econômico há 15 anos.

Por sua parte, o líder cubano Fidel Castro felicitou Maduro por seu "brilhante e corajoso discurso frente aos brutais planos do Governo dos Estados Unidos", em uma breve carta também publicada pela imprensa cubana.

"Tuas palavras passarão para a história como prova de que a humanidade pode e deve conhecer a verdade", afirmou Castro na carta ao presidente venezuelano.

O governo cubano afirmou ainda que "a gravidade desta ação executiva colocou em alerta os governos da América Latina e do Caribe", que, em janeiro de 2014, declararam a região como Zona da Paz e "repudiaram qualquer ato que atente contra isso, pois acumulam suficientes experiências de intervencionismo imperial em sua história".

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