As primeiras bocas de urna divulgadas na noite desta terça-feira (17) apontavam para o empate entre o governista Likud e a oposição de centro-esquerda União Sionista nas eleições de Israel.
A pesquisa do Canal 1 coloca ambos os partidos com 27 assentos cada um. O Canal 2, por sua vez, diz que o Likud terá 28 cadeiras, e a União Sionista, 27.
A previsão surpreende, após uma semana que parecia indicar a derrota política do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, do Likud.
O cargo de premiê não vai para quem tiver mais votos, porém. A posição depende da formação de um governo, nas próximas semanas.
Nessa tarefa, a Lista Compartilhada, de maioria árabe, terá um importante papel.
As bocas de urna apontam essa aliança como terceira força política no próximo Parlamento israelense com 13 assentos.
Pressentindo urnas desfavoráveis, Netanyahu havia se posicionado nos últimos dias de maneira radical, em busca dos votos da direita.
Ele afirmou na segunda-feira que, se eleito, não haverá um Estado palestino. Na terça, o premiê "alertou" eleitores quanto ao voto dos cidadãos árabes-israelenses.
Netanyahu divulgou um vídeo em que afirma que "o governo de direita está sob ameaça" pois "eleitores árabes estão indo em massa para as urnas".
As declarações foram criticadas durante o dia. Havia pedidos de que fossem excluídas do Facebook por serem "discursos de ódio".
A reportagem encontrou, durante o dia, eleitores árabes-israelenses. Isaa Basal, 27, havia votado na Lista Compartilhada, de maioria árabe. "É importante para a democracia. Netanyahu destruiu o país", disse. "Com Herzog, há uma chance para a paz."
Os resultados preliminares, que devem ser anunciados nas próximas horas e divulgados oficialmente apenas no dia 25 de março, não significam no entanto que o vencedor terá o posto de primeiro-ministro no país.
O presidente de Israel, Reuven Rivlin, anunciará apenas na semana que vem a que candidato ele entregará a tarefa de formar um governo. A coalizão precisa ter 61 assentos. Nesse desafio, Netanyahu pode ter vantagem, munido da força dos outros partidos de direita.
A reportagem acompanhou o voto em Jerusalém e Tel Aviv. Em Israel, é permitido entregar panfletos no dia do voto. Jovens tentavam convencer a reportagem diante da estação central de ônibus de Jerusalém a votar no Likud.
"A esquerda vai entregar Jerusalém aos palestinos. Mas o país nos pertence."
Em Tel Aviv, Leslie Am Salem, 25, votava no partido nacional-religioso Casa Judaica. "Quero mais religião no governo", disse. "Eu não concordo com tudo o que [o líder] Naftali Bennett diz, mas quero que ele tenha força no próximo Parlamento."
Não há voto árabe na Cisjordânia, ocupada por Israel desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967. Tampouco a Autoridade Nacional Palestina faz eleições em seu território com periodicidade. A prática é ausente também em Gaza.