Os líderes da Liga Árabe concordaram neste domingo (29) em criar uma força militar conjunta para combater os "grupos terroristas" da região - afirmou Abdel Fatah al-Sissi, presidente do Egito, onde uma cúpula da organização é realizada.
Os países membros se deram quatro meses para decidir a composição, as modalidades de funcionamento e os objetivos precisos.
O anúncio foi feito três dias depois que a coalizão de uma dúzia de países árabes, liderada pela Arábia Saudita, começou um bombardeio no Iêmen para deter o avanço da milícia xiita dos huthis, supostamente ligados ao Irã.
Os rebeldes ocupam grande parte do país e conseguiram expulsar as autoridades da capital, Sanaa.
A operação militar no Iêmen, com o objetivo de derrotar a a rebelião, está sendo considerada pelos líderes árabes como um "teste" para sua futura força conjunta.
"Os líderes árabes entraram em acordo para criar uma força militar árabe", declarou al-Sissi, presidente de turno da Liga, no segundo e último dia da cúpula anual da organização em Sharm el-Sheikh, no Sinai egípcio.
Al-Sissi não detalhou como será a força, nem seus objetivos e nem sua composição.
A decisão dos líderes árabes procura, acima de tudo, reforçar a luta contra os jihadistas que conquistaram grandes áreas do Iraque e da Síria, e conseguiram se estabelecer na Líbia, explicou o secretário-geral da Liga Árabe, Nabil al-Arabi.
De acordo com a resolução adotada, da qual a AFP obteve uma cópia, uma comissão de altos funcionários de cada Estado-Membro, sob a supervisão de seus respectivos chefes de Estado-Maior, terá um mês para apresentar recomendações sobre a composição da força, os seus objetivos, sua aplicação e seu orçamento.
Tais recomendações devem ser aprovadas nos próximos quatro meses pelos ministros da Defesa.
Egito, o mais populoso dos países árabes, cujo exército é o maior e um dos mais bem armados da região, poderia formar a espinha dorsal desta força regional.
A Arábia Saudita, como fez no Iêmen, deverá disponibilizar para seu armamento, dos mais sofisticados do mundo, em especial os tanques de batalha e os aviões.
Quanto à Jordânia, os especialistas apontam que seus renomados comandos de elite possam ser solicitados. Provada por 21 dos 22 membros da Liga, a resolução (o assento da Síria estava vazio) não deixou de receber críticas por parte de alguns diplomatas presentes em Sharm el-Sheikh.
O ministro das Relações Exteriores iraquiano, Ibrahim al- Jaafari, disse no sábado que seu país "tem reservas em relação à formação dessa força, pois não foram feitos estudos preliminares".
As diferenças sobre os objetivos também podem atrasar sua formação.
Oraib al-Rentawi, diretor do Centro de Estudos Políticos Al-Qods, acredita que se a prioridade do Egito e de outros países é combater o EI, a da Arábia Saudita parece ser "enfrentar a crescente influência do Irã na região".