Presidentes de Lufthansa e Germanwings visitam zona de acidente do A320

Eles chegaram na manhã desta quarta-feira à zona da catástrofe, onde prestaram homenagem às vítimas
Da AFP
Publicado em 01/04/2015 às 14:10
Eles chegaram na manhã desta quarta-feira à zona da catástrofe, onde prestaram homenagem às vítimas Foto: Foto: DENIS BOIS / GRIPMEDIA / AFP TV / AFP


Os presidentes da Lufthansa e de sua filial Germanwings visitaram nesta quarta-feira a região nos Alpes franceses onde o A320 caiu, após a divulgação de um suposto vídeo sobre o caos vivido a bordo nos últimos momentos antes da tragédia.

A justiça francesa negou saber sobre a existência desde vídeo gravado, ao que parece, com um telefone celular, e convocou qualquer pessoa que possua uma gravação ligada à catástrofe a entregá-la aos investigadores.

"Na hipótese de que uma pessoa tenha tal vídeo, deve entregá-lo sem demora aos investigadores", acrescentou o promotor a cargo da investigação, Brice Robin, em um comunicado transmitido à AFP.

Robin desmentiu que "no estado atual das investigações figurem no dossiê um ou vários vídeos" do avião da Germanwings que caiu no dia 24 de março.

O semanário francês Paris Match e o jornal alemão Bild afirmaram na terça-feira que tiveram acesso a um vídeo filmado com um telefone celular dos últimos momentos anteriores à catástrofe, revelando que os passageiros estavam plenamente conscientes de que o avião ia cair e gritaram "Meu Deus!" em vários idiomas.

A Paris Match afirmou em seu site que não tem nenhuma dúvida sobre a procedência da gravação.

"É um elemento humano muito forte, (mas) não fornece nada à investigação", segundo um jornalista do semanário, Frédéric Helbert, que afirmou nesta quarta-feira que pôde visualizar o vídeo depois de "um trabalho muito longo de investigação" com a ajuda de "intermediários (..) conectados com pessoas que trabalham em terra". 

Um oficial de alto escalão da gendarmaria francesa, Jean-Marc Ménichini, indicou em declarações à CNN que os telefones encontrados no local "ainda não foram analisados".

Os presidentes da Lufthansa e da Germanwings, Carsten Spohr e Thomas Winkelmann, chegaram na manhã desta quarta-feira à zona da catástrofe, onde prestaram homenagem às vítimas diante do monumento erguido perto do povoado de Le Vernet.

Spohr agradeceu as equipes de socorristas e prometeu às famílias das vítimas uma ajuda contínua. "Dou minha palavra às vítimas, nossa ajuda não cessará nesta semana. Seguiremos fornecendo nossa ajuda enquanto for necessário", disse.

Uma semana depois da catástrofe, o tenente-coronel Ménichini indicou na terça-feira que "não há mais corpos na zona" do acidente e que a retirada dos restos terminou. O trabalho das equipes agora será "recuperar objetos pessoais" dos passageiros, disse.

A segunda caixa-preta do avião ainda não foi encontrada.

 

Identificação rápida

As autoridades francesas prometeram uma identificação rápida das vítimas através de análises de DNA.

Na Alemanha, a Lufthansa revelou na terça-feira que o copiloto do avião da Germanwings, suspeito de derrubar o avião propositalmente deixando 150 mortos, havia informado a companhia aérea em 2009 que havia sofrido uma depressão severa.

A empresa declarou ter entregado à promotoria documentos obtidos por meio de novas investigações internas, "no interesse de uma elucidação rápida e sem falhas" das circunstâncias do drama.

O presidente da Lufthansa afirmou na semana passada que não tinha o menor indício sobre as motivações do copiloto, Andreas Lubitz. Spohr explicou na ocasião que ele havia interrompido durante vários meses sua formação, há seis anos, por motivos que, segundo o funcionário, não tinha o direito de revelar.

Mais de 450 parentes das vítimas viajaram ao local da catástrofe, mas entre eles não estavam os de Andreas Lubitz, segundo as autoridades francesas.

Para enfrentar os possíveis pedidos de indenização por perdas e danos, a Allianz, o consórcio que assegura a companhia aérea alemã, fez uma provisão de 300 milhões de dólares, informou um porta-voz da Lufthansa.

 

Investigação da BEA

Ainda que fique demonstrado que Lubitz provocou voluntariamente a catástrofe, os direitos à indenização dos familiares das vítimas não mudarão.

Na segunda-feira, a promotoria de Dusseldorf revelou que Lubitz havia seguido no passado um tratamento médico por tendências suicidas.

Citado pelo jornal Bild, um investigador citou como motivo principal o medo do copiloto de perder sua licença de voo devido aos seus problemas de saúde.

O Escritório de Investigações e Análises da aviação civil francesa (BEA) indicou, por sua vez, que está estudando "as falhas sistêmicas que possam ter levado" ao drama. "A investigação de segurança se interessa, em particular, na lógica do sistema de fechamento das portas das cabines de pilotagem e nos procedimentos de acesso e saída" da mesma, "assim como aos critérios suscetíveis de detectar perfis psicológicos particulares".

O A320 voava de Barcelona a Dusseldorf e a maioria de seus ocupantes eram alemães e espanhóis.

Um serviço ecumênico fúnebre será realizado na tarde desta quarta-feira na igreja católica de Haltern (oeste da Alemanha), de onde eram os 16 alunos alemães mortos na catástrofe.

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